Interesse recíproco

Brasil quer vender de café a vinho para a China

O interesse da China pelo Brasil é recíproco. Na semana retrasada, a senadora Kátia Abreu, presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), estava na China pela quinta vez nos últimos dois anos. Dessa vez, acompanhando representantes de uma churrascaria brasileira, que deseja implantar uma rede de restaurantes na China. A intenção é que ela seja ponta de lança para a marca Brasil. A carne brasileira foi embargada pela China em 2005, por causa da febre aftosa, liberada, e bloqueada de novo este ano, em razão do mal da vaca louca no Estado do Paraná.

 

“Um dos objetivos do governo chinês é ampliar fortemente a classe média e o consumo das famílias”, disse a senadora, de Pequim, onde a CNA abriu escritório. “Isto terá muitas consequências e uma delas é o aumento do consumo de proteína animal e especialmente bovina. Queremos estar preparados para atender esse mercado.” A rede de churrascarias poderá contar com financiamento do BNDES e “total apoio do governo”, assegurou Kátia. “Com isto, esperamos que o embargo à carne brasileira possa ser suspenso antes da ida do presidente Xi Jinping ao Brasil, em março ou abril’, continuou a senadora. Hoje, apenas 8 frigoríficos de carne bovina, 8 de suína e 24 de aves estão habilitados pelas autoridades sanitárias chinesas. “Temos em torno de 200 que poderiam tranquilamente exportar para a China.”

Jean Carlo Cury Manfredini, coordenador-geral de Acordos Bilaterais e Regionais do Ministério da Agricultura, informou que o Brasil está terminando de responder um questionário sobre o mal da vaca louca, enviado pelas autoridades chinesas. Com relação às aves, não há restrições, mas “o processo de habilitação é moroso”.

 

Marca

A mesma estratégia de reforçar a marca Brasil será usada pelo setor de café, por meio de uma rede de cafeterias, como fez a Colômbia, com sua rede de franquias Juan Valdez, espalhada pelo mundo. “Estamos formatando ainda”, disse Kátia. “O maior produtor e exportador de café do mundo tem que ter sua marca própria.”

Em 2013, a China passou a União Europeia (UE) como maior destino das exportações agrícolas brasileiras. Os chineses compraram 24% dos produtos exportados e a UE, 22%. Metade da soja produzida no Brasil é vendida para a China. Somando grão e farelos, foram US$ 11,9 bilhões no ano passado, ou 22,5 milhões de toneladas. Kátia Abreu esteve em missão na UE uma vez nos últimos dois anos, em 2012, e a CNA abriu seu escritório em Bruxelas em junho.

O café é um dos produtos de consumo não tradicional na China nos quais o Brasil quer investir, destaca Clodoaldo Hugueney, embaixador em Pequim entre outubro de 2008 e fevereiro deste ano e atualmente consultor da CNA. Outro é o vinho. “Os preços do café caíram muito nos últimos dois anos”, diz ele. “A perspectiva de consumo chinês é uma oportunidade de recuperar o preço. Os chineses tomam 3 xícaras por ano; os brasileiros, 850. Se os chineses passarem de 3 para 10, que não é nada, será um mercado gigantesco.” As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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