O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega a Buenos Aires com propostas de vários acordos para assinar com Cristina Fernández de Kirchner. Segundo o chanceler Celso Amorim, um dos principais será na área de energia nuclear, o qual ?terá repercussões dentro e fora dos dois países?, disse durante entrevista coletiva à imprensa. Sem oferecer maiores detalhes, Amorim destacou que o acordo de energia nuclear ?será para uso pacífico e terá um grande impacto?.
?O nível dos acordos que os presidentes vão assinar prova que a Argentina e o Brasil fazem uma real integração e o resultado do êxito, do sucesso dos dois países?. Há dois anos, a Argentina lançou um ambicioso programa de energia nuclear, envolvendo recursos de aproximadamente US$ 2 bilhões. A reativação da atividade atômica na Argentina prevê a conclusão da central Atucha II, estudos para a construção da quarta geradora nuclear, reformas da central de Embalse e a retomada da produção de urânio enriquecido. Esse último constará no acordo que os presidentes assinarão amanhã. ?Estamos dando um passo para a integração estratégica nuclear e até industrial , com projetos de uso de energia nuclear e de fabricação de reatores?, comentou o chanceler.
Os acordos e protocolos de intenções incluem ainda a produção, em conjunto, de energia através da construção do complexo de Garabi, no Rio Uruguai. ?Há uma grande disposição da nossa parte em relação a Garabi e o documento fará menções importantes sobre isso, inclusive vai detalhar um cronograma. Os trabalhos estão acelerados?, afirmou Amorim, completando que há um protocolo também para a construção de uma terceira ponte sobre o Rio Uruguai, ligando a Argentina e o Brasil, como parte do projeto de Garabi. ?As equipes estão trabalhando para decidir o local da terceira ponte e também estudando o caso da ponte que liga Uruguaiana a Paso de los Librés, que, por sua antiguidade, necessita de uma reforma ou da construção de outra?, detalhou.
Na área de Defesa, Amorim disse que a Embraer está disposta a fazer um centro de distribuição, produzir peças e aproveitar a capacidade instalada da Fábrica Militar de Aviões, de Córdoba, hoje em mãos da norte-americana Lockheed. A imprensa argentina veiculou nesta quinta-feira (21) que a Casa Rosada poderia comprar o novo avião presidencial argentino da Embraer. O assunto também seria parte da reunião entre Lula e Cristina. O avião para substituir o Tango 01, que virou sucata, é o Lineage 1000, uma aeronave configurada em forma executiva para 19 passageiros, fabricada pela Embraer com um custo de US$ 42,9 milhões.
Equipes da Embraer e do Ministério de Defesa da Argentina visitarão a fábrica localizada na província de Córdoba, para selar os acordos de intercâmbio de tecnologia. A empresa norte-americana Lockheed firmou um acordo com o governo no ano passado esticando a concessão da ex-Fábrica Militar de Aviões para até o final deste ano. A saída da companhia para a entrada da Embraer seria feita através de uma rescisão de contrato por parte do governo argentino, prevista em uma das cláusulas.