O presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, afirmou hoje que o Brasil se preparou para um ambiente menos favorável no cenário internacional. “O Brasil preparou-se para um ambiente mais desafiador. Temos de estar preparados”, disse, durante Seminário Internacional sobre Justiça Fiscal, promovido pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República.

continua após a publicidade

Tombini lembrou que o câmbio no Brasil é flutuante e que isso é importante para momentos de turbulência, já que a moeda oscila e pode absorver impactos. “A taxa se move para os dois lados e, em caso de agravamento da crise, a saída tradicional para o dólar afeta a taxa de câmbio no regime flutuante”, disse, ao comentar que o preço da moeda costuma ser um dos primeiros afetados em caso de turbulência internacional.

Outro fator que mostra o “preparo do Brasil” são as reservas internacionais, que subiram cerca de US$ 150 bilhões nos últimos meses. Além disso, também há mais disponibilidade em reais, já que os recursos depositados pelas instituições financeiras sob a forma de compulsórios estão em nível mais elevado.

Na economia real, o crédito – ainda que em ritmo um pouco mais moderado – segue em expansão, o que favorece o investimento e a demanda. Além disso, lembrou Tombini, o mercado doméstico segue em expansão com uma classe média cada vez maior. “Cerca de 35 milhões de pessoas ingressaram na classe média. Essa foi uma fortaleza na crise de 2008 e não será diferente se houver deterioração”.

continua após a publicidade

Fluxo de capitais

Tombini destacou que o fluxo de capitais externos para o Brasil mudou em 2011, se comparado à crise de 2008. Para ele, os dólares que ingressam atualmente no Brasil são de melhor qualidade, especialmente porque são mais voltados ao investimento produtivo.

continua após a publicidade

“Hoje, temos uma composição diferente, com uma visão mais de longo prazo e com mais participação de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Na época (2008), tínhamos mais portfólio, que são mais sujeitos a reversão. Hoje, a nossa composição é mais prudente para enfrentar o cenário internacional desafiador”, afirmou.

Situação fiscal

O presidente do Banco Central afirmou que o Brasil deve manter o foco na questão fiscal para enfrentar a turbulenta situação financeira internacional. “Temos que confirmar o diferencial que temos hoje, que é a situação fiscal diferenciada”, disse.

Segundo Tombini, é preciso manter foco no tema para seguir com avanços como a redução da relação entre a dívida do setor público e o tamanho da economia. Nesses casos, lembrou o presidente do BC, agentes privados nacionais conseguem, por exemplo, financiamentos com prazos mais longos e juros mais baixos. “É importante que continuemos avançando e que essa diferença fique ainda mais marcada”, disse Tombini.