Com a retomada do crescimento econômico nos próximos anos, o Brasil terá que qualificar 13 milhões de trabalhadores para a indústria até 2020. De acordo com estudo divulgado nesta quarta-feira, 19, pelo Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai), que é ligado à Confederação Nacional da Indústria (CNI), 28% dessa demanda – 3,6 milhões – se refere a empregos novos e os outros 72% à requalificação de profissionais que já estão trabalhando.
Com base em projeções de cenários para a recuperação da economia brasileira nos anos à frente – 1,2% em 2017, 2,5% em 2018, 2,8% em 2019 e 3,1% em 2020 -, o estudo aponta que a indústria da construção demandará o aperfeiçoamento 3,8 milhões de profissionais entre 2017 e 2020, seguido pela área de meio ambiente e produção, com uma demanda esperada de 2,4 milhões de trabalhadores qualificados.
Outros setores industriais cuja demanda por qualificação profissional nos próximos quatro anos também destacados pelo Senai foram a metalmecânica (1,7 milhão), alimentos (1,2 milhão), vestuário e calçados (974,5 mil), tecnologias da informação e comunicação (611,2 mil), energia (661,6 mil), veículos (435,7 mil), química e petroquímica (327,6 mil), madeira e móveis (258,5 mil).
O chamado Mapa do Trabalho Industrial 2017-2020 aponta que a maior parte dessa demanda por formação e aperfeiçoamento de 13 milhões de profissionais se refere a postos com qualificação de até 200 horas, com 7,199 milhões de postos de trabalho. Ocupações com qualificação superior a 200 horas deverão responder por 3,348 milhões de postos. Na sequência, aparecem as demandas por trabalhadores de níveis técnico (1,836 milhão) e superior (625,4 mil).
O estudo mostra ainda que mais da metade dessa demanda estaria concentrada na Região Sudeste, com 6,755 milhões de postos até 2020. Já o Sul deve responder por 2,673 milhões, ou 16,5% do total. Na sequência, aparecem as regiões Nordeste (1,980 milhão), Centro-Oeste (916,9 mil) e Norte (684 mil).
“Temos um grave problema na matriz educacional brasileira. Menos de 17% dos jovens brasileiros chegam ao ensino superior. O Ensino Médio brasileiro está na direção errada e faz-se necessários revisar esse modelo”, avaliou o diretor-geral do Senai, Rafael Lucchesi. “Precisamos pensar em um modelo educacional que prepare os jovens para a sua inserção no mundo do trabalho”, completou.
Para Lucchesi, a educação profissional tem um papel importante para a recuperação da economia nos próximos anos. “Temos que enxergar a educação profissional como uma maneira de manter uma empregabilidade maior da população”, acrescentou. “E certamente isso terá impacto positivo sobre a produtividade na indústria. A produtividade geral do País está estagnada desde aos anos 80”, concluiu.