Rio – O nível das reservas internacionais, descontados os recursos do empréstimo do Fundo Monetário Internacional (FMI), está muito baixo, na opinião do diretor do Banco Itaú e ex-diretor de Política Econômica do Banco Central (BC) Sérgio Werlang. Para aumentar as reservas, “em algum momento, o governo terá de comprar dólares ou emitir mais dívida no exterior”, disse.

O mais recente número divulgado pelo BC para as reservas ajustadas, sem o dinheiro do Fundo, é de US$ 17,076 bilhões (em maio). Considerando o dinheiro do FMI no mesmo período, as reservas foram de US$ 43,737 bilhões e, na sexta-feira, alcançaram US$ 48,925 bilhões. O Tesouro Nacional captou US$ 2 25 bilhões este ano e tem autorização para captar mais US$ 8,37 bilhões.

“É muito difícil dizer um nível ideal para as reservas porque isso varia muito pelos países, mas acho que uns US$ 30 bilhões de reserva líquida tirando o (dinheiro emprestado pelo) FMI seria um nível razoavelmente confortável”, afirmou Werlang.

O ex-ministro da Fazenda e sócio da consultoria Tendências Mailson da Nóbrega discorda e observa que as reservas ajustadas representam praticamente “o triplo do piso estabelecido no acordo com o FMI, que é de US$ 5 bilhões”. Para ele, o BC não deve se preocupar. “O Brasil, se quisesse, poderia comprar reservas, mas isso seria um mau sinal e poderia levar à várias interpretações, inclusive de mudança na política econômica.” O governo vai captar mais no exterior, mas, para Mailson, não será por causa do aumento das reservas. “O governo vai emitir mais dívida por vários motivos, como rolar a sua dívida e sinalizar juros (menores) para (futuras) captações de empresas brasileiras.”

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