Brasil pode ampliar oferta de produtos

Foto: Arquivo/Agência Brasil

Henrique Meirelles: demanda está positiva.

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse ontem que a demanda agregada crescente na economia brasileira, em função do aumento de renda do emprego e do crédito, dá condições para o crescimento da oferta. ?Esse ambiente de demanda positiva permite que a oferta também seja ampliada?, afirmou ele, após apresentação feita na XI Reunião de Presidentes de Banco Central do Mercosul e Associados.

 Na apresentação sobre economia internacional (feita sempre pelo país anfitrião do evento, que neste ano é o Brasil), Meirelles disse que a perspectiva é de que o crescimento mundial deve desacelerar, mas que ainda é um cenário positivo, com taxas de crescimento acima das taxas históricas. Nesse sentido, destacou que a economia norte-americana deve registrar algum efeito de desaceleração por conta do mercado imobiliário, ainda que isso não represente riscos de uma transição brusca. Segundo Meirelles, há inclusive sinalizações de que esse processo de ajuste do mercado imobiliário começa a se estabilizar.

O presidente do BC também disse que as economias da União Européia e do Japão demonstram algum dinamismo e que, na América Latina, a perspectiva é de continuação dos trabalhos de aceleração do crescimento econômico em cada país.

Questionado se os eventos recentes na Venezuela, Equador e Bolívia prejudicariam esse processo de crescimento, Meirelles disse que o assunto não foi levado ao debate na reunião de ontem.

Ontem à tarde o presidente do BC, acompanhado dos diretores de Assuntos Internacionais, Paulo Vieira da Cunha, de Política Monetária, Rodrigo Azevedo, e de Política Econômica, Afonso Beviláqua, participou de reunião bilateral com o presidente do BC argentino, Martin Redrado, para discutir a questão do comércio bilateral com o país vizinho com o uso direto de moedas locais.

Câmbio bilateral com Argentina entra na 2ª etapa

São Paulo (AE) – O diretor de Assuntos Internacionais do Banco Central, Paulo Vieira da Cunha, explicou ontem que as discussões entre o BC brasileiro e o BC argentino sobre o uso de um câmbio direto no comércio entre os dois países concentram-se agora nas questões técnicas de interface dos bancos comerciais com o sistema de pagamentos de cada país. Segundo Vieira da Cunha, essa pode ser considerada uma segunda etapa nos acertos para o uso de câmbio bilateral nas relações comerciais entre Brasil e Argentina.

A primeira, segundo ele, foi a definição dos instrumentos de compensação entre os dois países, que será voluntário e criado pelos exportadores com seus respectivos bancos comerciais.

A participação dos BCs nesses processos, explicou, se dará na compensação das diferenças de saldos líquidos entre os dois países, que num primeiro momento ainda terá o dólar como referência. Segundo o diretor, encerrada a discussão que está sendo travada agora sobre os aspectos mais técnicos relacionados aos sistemas de pagamentos, a próxima etapa será a de eventuais adequações no arcabouço normativo e legal das regras de câmbio em cada país, uma etapa que o próprio diretor classificou como ?extremamente complicada?.

A expectativa do Banco Central é de que as definições sobre o uso de moeda local nas relações comerciais Brasil-Argentina estejam prontas até meados do ano. Sua implementação, acrescentou, deve ocorrer até o fim deste ano.

Vieira da Cunha ainda disse que outros países do Mercosul também estariam interessados em participar desse mecanismo de câmbio direto entre outras moedas. O que, segundo ele, demandará ainda bastante trabalho. ?Formatar uma clearing bilateral já é algo complicado, criar uma clearing multilateral é uma outra ordem de grandeza.?

O diretor do BC destacou ainda que entre as maiores vantagens desse câmbio direto entre as moedas está a redução de custos para os exportadores e importadores, que pode permitir a entrada de pequenas empresas no segmento, aliada ao fato de que as empresas não terão de abrir um contrato de câmbio. ?Por questões históricas, ainda vemos muita resistência de alguns empresários brasileiros em entrar em operações de câmbio?, concluiu.

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