O pequeno superávit primário do governo central no mês de janeiro surpreendeu Rafael Ihara, economista do Banco Brasil Plural, que esperava R$ 21 bilhões. Ele disse nesta sexta-feira, 28, ao Broadcast, serviço de informações da Agência Estado, que o resultado certamente não é uma notícia boa para o governo, mas ele já imaginava um crescimento das despesas maior no mês passado em relação a dezembro, embora fosse difícil precisar em quanto ficariam as despesas do governo. Ele lembra que o resultado do superávit de dezembro já apontava uma desaceleração forte das despesas.
“Por mais que o Augustin (secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin) tenha negado que não houve nenhum adiamento de despesas para obter um primário melhor em 2013, a desaceleração das despesas em dezembro e a aceleração em janeiro são estranhas e sugerem postergação dos gastos de dezembro para janeiro”, avaliou. Segundo ele, os dados de hoje ainda não sugerem nenhum sinal de disposição em cumprir neste ano o contingenciamento de R$ 44 bilhões anunciado semana passada.
O economista afirmou que ainda não pretende alterar as projeções para o superávit primário do governo central e do setor público consolidado deste ano por causa do resultado informado hoje. “Como já não tínhamos expectativa elevada sobre o anúncio do contingenciamento, vamos manter nossa previsão. É cedo para alterá-la. Existe uma intenção do governo em cumprir a meta, mas isso não significa que vai atingi-la”, avaliou, acrescentando que prevê superávit primário de 1% do PIB para governo central (ou R$ 52 bilhões) e 1,3% do setor público consolidado (ou R$ 70 bilhões).
Ihara reconhece que as estimativas estão menos animadoras que as do governo. “Esperamos um comportamento das receitas menos otimista. A nossa projeção para as despesas da CDE (Conta de Desenvolvimento Energético) é de um gasto de R$ 18 bilhões este ano, bem diferente dos R$ 9 bilhões esperados pelo governo”, afirmou.