O Brasil está prestes a divulgar a sua autosuficiência na produção de petróleo. O anúncio será feito até o mês de maio, quando a Petrobras deve conseguir manter uma produção estável do combustível. A informação foi confirmada ontem em Curitiba pelo gerente executivo do Refino da Petrobras, Alan Kardec, e pelo ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
Esse status, disse Bernardo, era um sonho antigo do País, que atingirá sua autonomia. ?Ter energia é ter autonomia?, afirmou o ministro. Hoje a Petrobras produz 1,8 milhão de barris de petróleo por dia, porém, essa produção varia de acordo com o desempenho das plataformas. Com a entrada em operação da refinaria de P50 de Campos (SP) -que irá produzir 180 mil barris por dia -, a empresa irá ultrapassar a produção de 2 milhões de barris, e compensar a variação.
Apesar desse anúncio positivo, o ministro não pareceu muito confiante que a autosuficiência da empresa poderá refletir no preços dos combustíveis. ?Nós temos histórico de importação, e se o dólar dispara no mundo, afeta o preço. Tendo a autosuficiência pode ajudar a baixar, mas o avanço maior será na economia?, comentou Bernardo. Sobre a diferença de preços do combustível na Argentina, o ministro disse que aquele país não consegue consumir tudo o que produz, por isso vende com diferenças menores.
PIB
Paulo Bernardo não mostrou preocupação em relação aos dados de janeiro do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que apontaram queda de 1,3% na atividade industrial, em relação a dezembro. ?Não tenho dúvidas de que este ano teremos crescimento superior na indústria e no PIB (Produto Interno Bruto) de modo geral?, afirmou. ?Diminuiu em janeiro, mas os dados do ano passado indicam crescimento muito acima da média do PIB.?
Como exemplo, citou a indústria da construção civil, para a qual estão previstos investimentos de R$ 18,7 bilhões. ?O que vai ajudar no crescimento econômico de maneira sustentada é ter previsibilidade, saber o que vai acontecer neste ano e no ano que vem?, disse. ?E, nesse aspecto, o Brasil está muito tranqüilo. Por isso, temos segurança para dizer que vamos crescer mais.?
Investimento
A Petrobras ocupa hoje a sétima posição no mundo no setor de refino. A meta da empresa para os próximos cinco anos é ambiciosa, diz Alan Kardec, já que pretende alcançar a primeira posição no mercado em curto tempo. Até 2010 a empresa deve atingir 2 milhões de barris processados. Para isso irá investir nesse período US$ 56 bilhões – uma média de US$ 11 bilhões por ano -, dos quais 87% será no Brasil e 13% no exterior. O setor de abastecimento receberá US$ 13 bilhões e o do refino US$ 8 bilhões.
A Repar, de Araucária, irá receber US$ 1,4 bilhão, sendo a refinaria do País que ficará com a maior parcela dos recursos, e terá condições de ampliar em 100% sua capacidade de produção. Isso refletirá, segundo a Repar, em mais de US$ 201 milhões em impostos e geração de 17 mil novos postos de trabalho. A produção será voltada para coque de petróleo, gasolina e diesel, gás de cozinha, propeno e hexano.