São Paulo (AE) – A Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) divulgará amanhã um estudo mostrando que o Brasil está perdendo gradualmente suas preferências comerciais em países que firmaram acordos com os Estados Unidos, como o Chile e o México, e que há o risco de novas perdas no âmbito do Grupo Andino, formado por Colômbia, Peru e Equador, que já negocia também com os americanos. O mesmo bloco andino tem um acordo recém-assinado com o Mercosul. O estudo foi elaborado em conjunto pela Fiesp, Rubens Barbosa & Associados e Ícone.
O embaixador Rubens Barbosa, diretor do Conselho Superior de Relações Exteriores da Fiesp e presidente da Rubens Barbosa & Associados, explicou que “o estudo mostra uma tendência preocupante: a perda de competitividade dos produtos brasileiros na América do Sul em virtude da concessão de tarifas mais baixas para os EUA, como é o caso do Chile. Por outro lado, indica claramente que o setor privado deve definir uma estratégia própria nas negociações com os países sul-americanos”.
Para Marcos Jank, presidente do Ícone, o estudo “mostra claramente a urgência de aprofundar as negociações comerciais com os países americanos e de buscar acordos que ao menos preservem o market-share do Brasil”.
O estudo avalia a erosão das preferências sobre os 70 produtos mais exportados pelo Brasil para Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, México, Peru e Venezuela, países signatários da Associação Latino-Americana de Integração (Aladi). O estudo destaca que o Nafta (zona de livre comércio entre EUA, México e Canadá) e o Acordo Chile-EUA ampliaram o acesso dos EUA ao México e ao Chile. “Ambos os tratados resultaram em preferências médias mais profundas e amplas do que as obtidas pelo Brasil nos acordos da Aladi.”
De acordo com a pesquisa, o Nafta já retirou a maior parte das preferências de que o Brasil gozava no México. “Para alguns produtos, como óleo de soja, açúcar, alumínio e semimanufaturados de ferro e aço, em que o Brasil é altamente competitivo e grande exportador mundial, o acesso do País ao mercado mexicano é menor do que o alcançado pelos norte-americanos. Há, portanto, fortes indícios de que a economia brasileira sofreu desvios de comércio no mercado mexicano”, diz o estudo. O levantamento cita ainda que no acordo Chile-EUA, a margem média de preferência concedida aos EUA é de 96,3%, bem superior aos 68,5% garantidos ao Brasil no âmbito da Aladi.