São Paulo – O Brasil terminou dezembro com a terceira maior taxa real de juros do mundo, atrás apenas da Turquia e da Polônia, de acordo com pesquisa mensal da consultoria Global Invest. A taxa real brasileira (descontada a inflação) caiu de 7% ao ano em novembro para 5,8% em dezembro, uma queda que se deveu ao aumento da inflação acumulada em 12 meses. A liderança do ranking, pela segunda vez consecutiva, ficou com a Turquia, com juros reais de 12,5%. Em segundo lugar está a Polônia, com taxa de 9,1%.
A consultoria calculou o juro real brasileiro a partir da taxa Selic dos 12 últimos meses, que ficou em 19,11%, deflacionada pelo IPCA acumulado no período, de 12,53%. Em novembro, os juros básicos em 12 meses haviam atingido 18,71% e o IPCA, 10,93%. A Global Invest faz uma análise dos juros de 40 países, dos quais 23 países emergentes e 17 desenvolvidos.
Em seu relatório, a consultoria ressalta que os juros reais brasileiros estão bem acima da média dos 23 países emergentes analisados, de 1,7% ao ano. “Além disso, ao longo dos 45 meses em que a pesquisa é realizada, o Brasil é o único país que sempre esteve entre os quatro primeiros do ranking”, afirma a Global Invest, lembrando ainda que o País já ocupou o primeiro lugar 20 vezes.
Se Turquia, Polônia e Brasil lideram a lista, na outra ponta do ranking está a Argentina, com uma taxa real negativa de 9,1%, ante um juro negativo de 6,9% em novembro.
A Global Invest entende que o Comitê de Política Monetária (Copom) deveria reduzir os juros básicos em um ponto porcentual, por causa da trajetória declinante da inflação e da queda do dólar e do risco país.
O relatório da consultoria afirma, no entanto, que é mais provável que a instituição não mexa na Selic. “A justificativa para a decisão provavelmente cairá tanto sobre as incertezas quanto as expectativas de inflação para 2003, que continuam em níveis elevados.”