Negociadores da União Européia e do Brasil trabalham para unificar as suas propostas de meta para o uso de fontes renováveis de energia. O Brasil quer 10% de fontes renováveis de energia até 2010, a UE, 15%. No centro da discussão está a inclusão ou não das grandes hidrelétricas no cálculo. A proposta do Brasil exclui. Mas, para aumentar as chances de consenso, o País concorda em incluí-las, sob condições.
?A União Européia queria incluir as grandes hidrelétricas sem maiores considerações?, disse o secretário do Meio Ambiente de São Paulo, José Goldemberg, autor da proposta brasileira. ?Disse que poderíamos incluí-las, desde que sujeitas às normas da Comissão Internacional de Barragens, que condenam as usinas predatórias ao meio ambiente.? Os negociadores europeus rejeitaram a ressalva, apoiada pelos grupos ambientalistas. Mesmo assim, Goldemberg acha possível chegar a uma solução de compromisso, sem mencionar as normas da Comissão, mas incluindo apenas as hidrelétricas que não provocam danos ao meio ambiente.
Salvar – A inclusão das hidrelétricas deve aumentar as chances de apoio dos países continentais: China, Índia, Canadá e Rússia. Os Estados Unidos rejeitam metas, por princípio, mas há uma tênue esperança de que o seu eventual isolamento os conduza a algum compromisso. De acordo com o ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, a inclusão parece ser a última forma de evitar o sepultamento da proposta em Johannesburgo.
Outra diferença é que a proposta da UE estipula que os países industrializados, membros da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) devem aumentar suas fatias de fontes renováveis nas respectivas matrizes energéticas em apenas 2%, quando a meta global, até 2010, seria de 15%. A proposta do Brasil prevê que todos devem atingir igualmente o patamar de 10%. A média mundial, incluindo as hidrelétricas, é hoje de 4,4%; sem elas é de 2,2%.
?Essa é uma conta complicada, mas 2% é tímido?, avalia Goldemberg. ?Se eles tivessem dito 4%, no fim das contas a proposta ficaria parecida com a nossa.? O tema é tão espinhoso que os avanços poderão ter que esperar a chegada dos chefes de Estado e de governo, no domingo (1º