O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou hoje que nem o Brasil nem a grande maioria dos demais países pode sustentar um “crescimento chinês”. “Mas o Brasil sustenta, sim, um crescimento acima dos 5%, pois mesmo com dois anos de crise, crescemos a uma média de 4,5% entre 2007 e 2010”, afirmou. “O cenário que nós projetamos para 2011 é de um crescimento de 4,5% a 5%. Em geral, a economia desacelera no primeiro trimestre e acelera no segundo”, afirmou. Na manhã de hoje, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) anunciou que o País cresceu 7,5% no ano passado.

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Mantega afirmou que o forte crescimento do PIB em 2010 e o aumento da inflação nos últimos meses não indicam que o governo tenha demorado a desmontar os incentivos concedidos durante a crise. Ele lembrou que as reduções do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) para automóveis e eletrodomésticos foram retiradas ainda em março do ano passado. “Só não tiramos os incentivos a investimentos, que tendem a ser permanentes”, completou. O ministro também citou as medidas de contenção de crédito anunciadas pelo Banco Central (BC) no fim de 2010 e afirmou que o governo vem reduzindo seus gastos desde o terceiro trimestre daquele ano.

“Os estímulos durante a crise foram necessários para que a produção voltasse ao patamar de 2008. O crescimento do ano passado foi adequado e a desaceleração também é adequada. A economia brasileira não está superaquecida, mas está crescendo positivamente”, afirmou Mantega, que acrescentou que o ritmo de expansão do PIB já voltou a uma taxa de 5% desde o quarto trimestre do ano passado.

Câmbio

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Apesar de afirmar que o câmbio tem mantido certa estabilidade nos últimos meses, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, não descartou a possibilidade de que o governo volte a tomar medidas em caso de grande volatilidade da moeda. “O câmbio continua sendo uma preocupação do empresário, mas está mostrando certa estabilidade. O dólar está estacionado em um patamar, ainda que com algumas variações, porque o câmbio é flutuante. Estamos acompanhando e podemos tomar medidas se for necessário”, disse o ministro.

Segundo ele, porém, o fato de o ritmo de expansão das exportações estar superando o crescimento das importações desde dezembro do ano passado é um sinal de que a disparidade observada ao longo de 2010 está desaparecendo. “A tendência é equilibrar. É bom para os empresários, porque mesmo com o câmbio do jeito que está eles estão tendo recuperação”, completou Mantega, que disse que o governo continuará a tomar medidas para a exportação.

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Inflação

Mantega reconheceu ainda que a inflação brasileira subiu nos últimos meses, mas argumentou que as pressões sobres os preços já estão diminuindo. “A boa notícia é que a inflação já esta desacelerando. Ao longo de fevereiro, a inflação de alimentos caiu fortemente, assim como a de transportes e de educação”, afirmou. Segundo ele, apenas a inflação de serviços deve continuar elevada, devido ao aquecimento do setor. Porém, a desaceleração da economia brasileira em 2011 deve conter em parte este movimento.

Contratações

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, minimizou o impacto da criação de 1.000 novos cargos para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) pelo Senado Federal. “Construímos esses postos para melhorar o atendimento da população. Não podemos deixar os postos vazios. Temos que colocar as pessoas para trabalhar. É o mínimo, se acomoda (a contratação) e não muda a nossa projeção da folha de pagamentos. Mesmo porque a nossa folha tem de mais de um milhão de funcionários e mil significa 0,0000…%”, afirmou Mantega, sem completar a frase.

O ministro, de início, chegou a entender errado a pergunta, pensando que os cargos criados eram para o Senado. Nesse momento, ele chegou a dizer que os cargos poderiam ter impacto na despesa pública, mas destacou logo em seguida que o Senado tinha autonomia para isso. Ele ponderou: “Mas tem que caber dentro do Orçamento. Se couber dentro dele não causa aumentos adicionais de despesas”.

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou ontem projeto de lei terminativo que prevê a criação de 524 cargos comissionados e 500 cargos de carreira para peritos médicos do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). Como a matéria já foi apreciada pela Câmara dos Deputados e o Senado não promoveu nenhuma alteração, agora irá à sanção presidencial.