Os Indicadores de Ciclo da Economia Brasileira, divulgados nesta quarta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e pelo Conference Board, indicam que o Brasil não está no caminho de uma recessão, mas continua com um nível de atividade baixo. “Não estamos entrando em recessão, mas também não estamos entrando numa fase de crescimento vigoroso e sustentável”, avalia o economista Paulo Picchetti, do Ibre/FGV.
Segundo ele, apesar de o Indicador Antecedente Composto da Economia (Iace) – que pretende antecipar o cenário no curto prazo – ter apresentado queda de 1,1% em janeiro de 2014 ante dezembro de 2013, a análise semestral, comparando janeiro com julho do ano passado, mostrou alta de 0,30%, o primeiro resultado positivo em nove meses, nesta base de comparação.
“O fato de a variação semestral ter ficado negativa por tanto tempo fez o mercado questionar se o País não estaria próximo de uma recessão, até porque tivemos queda (de 0,50%) do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre de 2013”, afirmou. “Esse dado positivo agora reforça a percepção de que não é assim”, disse, acrescentando que a variação semestral do Iace já vinha melhorando nos últimos meses, apesar de ainda estar negativa – em dezembro ante junho ficou em 0,70% e, em novembro ante maio, em -1,5%.
De acordo com Picchetti, o Indicador Coincidente Composto da Economia (ICCE), que mede as condições atuais e subiu 0,4% em janeiro, corrobora a avaliação de que, embora não haja risco iminente de recessão, a atividade está crescendo em ritmo fraco. “A variação dos meses anteriores também era próxima de zero, sinalizando que o País está num ciclo de crescimento baixo, que se aproxima da estabilidade”, explicou.
Componentes
Picchetti chamou a atenção para o comportamento dos itens que compõem o Indicador Antecedente Composto da Economia. Em janeiro, seis dos oito componentes contribuíram negativamente para o índice: desempenho da Bovespa, Sondagem da Indústria, Sondagem de Serviços, Sondagem do Consumidor, taxa de juros e variação de termos de troca. “Isso mostra que há um ambiente de pouco otimismo e merece destaque porque está ligado com as previsões quantitativas de crescimento que veem sendo rebaixadas”, afirmou.
Os únicos componentes que contribuíram positivamente foram produção de bens e consumo duráveis e volume de exportações. “É preciso lembrar que nesses dois casos a contribuição positiva não é um alento muito grande porque os meses anteriores foram fracos nesses quesitos, então a alta é atribuída mais à base de comparação baixa do que a uma melhora dos fundamentos da economia.”