Ao contrário do esperado pelo governo argentino, a principal preocupação hoje no Fundo Monetário Internacional (FMI) é com os rumos da situação política no Brasil e não com o rascunho da carta de intenções do ministro da Economia, Roberto Lavagna. Ali, como afirmou uma alta fonte do Fundo à Agência Estado, as declarações e atitudes dos candidatos brasileiros são acompanhadas com ?lupa?. E o caso da Argentina que há oito meses negocia com o FMI, continua em segundo plano.
O governo argentino espera assinar o acordo, que prevê o adiamento dos vencimentos da dívida deste e do próximo ano, até o dia cinco de setembro. Mas no Fundo não têm a mesma pressa. ?Aqui, até agora, está tudo igual?, disse a fonte, referindo-se à expectativa de que a Argentina primeiro solucione problemas como o ?corralito?.
Além disso, os principais representantes do Fundo, como o indiano Anoop Singh e o inglês John Thorton, que acompanham diretamente a situação da Argentina, estão de férias. Eles só voltam a trabalhar no fim de semana que vem.
Lavagna voltou a manter silêncio sobre o envio do rascunho da carta de intenções ao Fundo. Seus assessores informam que a dificuldade está em encontrar uma solução ?imediata? para o ?corralito?. O que tem sido feito por etapas, como a autorização para compra de carros zero quilômetro e máquinas agrícolas com bônus, emitidos para aqueles correntistas com dinheiro preso no ?corralito?, e ainda para que com tais títulos paguem dívidas com o Fisco.
Foi o próprio ministro da Economia da Argentina que, na semana passada, afirmou que o rascunho da carta seria enviado entre segunda e terça – anteontem e ontem – ao Fundo. Mais especificamente a número dois da instituição financeira, Anne Kruger.
Ela, ao contrário dos outros representantes do FMI, parece não estar de férias, já que foi vista, ontem, nos corredores do Fundo, em Washington.
