Brasília ( AG) – O diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Rodrigo Rato, disse ontem, através de nota distribuída à imprensa, que a economia brasileira está menos vulnerável e que o País tem conseguido resistir bem às turbulências recentes no mercado internacional. A nota destaca, porém, que o nível de endividamento do País ainda é alto e por isso o governo precisa manter o compromisso com a obtenção de superávits primários significativos.

“Considerando o nível ainda elevado da dívida pública brasileira, será crucial manter o compromisso do governo com a obtenção de superávits primários significativos, o que implica, no médio prazo, que as possibilidades de aumento sustentado do investimento público deverão ser criadas sobretudo pela transferência de despesas correntes provenientes de áreas menos prioritárias”, diz a nota.

Rato elogia a política econômica brasileira e diz que os avanços realizados pelo governo brasileiro são bastante expressivos. “O governo do presidente Lula vem mantendo políticas macroeconômicas coerentes e formulou uma pauta ambiciosa de reformas estruturais. Essas políticas corajosas renderam frutos”, diz Rato, ao citar a redução da vulnerabilidade do Brasil e a capacidade de se proteger das turbulências externas.

O diretor-gerente do FMI cita também o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, que ele considerou sólido, e o bom desempenho das exportações. Segundo ele, o acordo do governo com o FMI, que será concluído neste mês, está se desenvolvendo conforme as expectativas da diretoria do Fundo.

“Minhas discussões com o presidente Lula concentraram-se nos desafios futuros. Compartilho do otimismo do presidente em relação às perspectivas de crescimento do Brasil. Concordamos que é fundamental garantir a sustentabilidade da recuperação econômica no médio prazo por meio da manutenção de políticas macroeconômicas prudentes, novas avanços nas reformas estruturais e atenção constante para garantir que os benefícios do crescimento sejam compartilhados com os menos favorecidos”, conclui a nota.

Governo não quer novo acordo

O ministro da Fazenda, Antônio Palocci, afirmou logo depois do encontro com o diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional que, se as perspectivas econômicas continuarem positivas como estão, o governo brasileiro não fará um novo acordo com o FMI. Em entrevista no Ministério da Fazenda, Palocci frisou que, em setembro do ano passado, o governo assinou um acordo com o FMI de caráter preventivo e pretendia, a partir de março de 2005, quando terminasse o programa, interromper o processo de acordos em seqüência que o Brasil vem firmando com o Fundo desde 1998. “Nossa perspectiva continua sendo a mesma de setembro do ano passado, mas não acho adequado dizer, agora, o que faremos em março do ano que vem”, disse.

Na avaliação do ministro, prognósticos devem ser sempre serenos. Por isso, é preciso aguardar o comportamento da economia mundial e brasileira nos próximos meses para, então, afirmar se o governo realmente vai interromper ou não os acordos com o FMI. Apesar dessa ressalva, Palocci fez questão de afirmar que, de setembro de 2003 para cá, a economia está caminhando de acordo com o cenário mais positivo traçado à época da assinatura do atual acordo.

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