Brasil já é auto-suficiente em petróleo

A Petrobras anuncia hoje a obtenção da auto-suficiência do País na produção de petróleo, garantida com a entrada em operação da plataforma P-50. A estrutura será a maior em operação no Brasil, somando mais de 180 mil barris de petróleo à produção nacional. No mês passado, a Petrobras produziu 1,75 milhão de barris de petróleo por dia.

Há trinta anos, o Brasil importava quase a totalidade do petróleo consumido internamente. O anúncio da auto-suficiência ocorre no mesmo dia em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva visita a plataforma P-50, instalada no campo de Albacora Leste, na Bacia de Campos, litoral norte fluminense.

O local é a maior província petrolífera do País, respondendo por cerca de 85% da produção nacional de petróleo. Unidade flutuante do tipo FSPO (produz, processa, armazena e escoa o óleo e o gás), a nova plataforma passará a responder sozinha por 11% de todo o óleo extraído no País.

Além de produzir petróleo, a P-50 terá capacidade de comprimir seis milhões de metros cúbicos de gás natural e de estocar outros 1,6 milhão de barris de petróleo. De acordo com o conceito adotado pela Petrobras, a auto-suficiência é a disponibilidade de petróleo produzido nos campos nacionais, em volume igual ou superior ao consumo e à capacidade de refino do país para atender a demanda do mercado brasileiro.

Hoje, a demanda nacional pelo produto é de 1,8 milhão de barris (a mesma do Parque Nacional de Refino), enquanto a produção, com a entrada em operação da P-50, deverá fechar o ano com uma média diária em torno de 1,9 a 1,91 milhão de barris.

Pressão

O presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, acredita que, com a auto-suficiência, o preço do petróleo ficará resguardado das pressões externas, decorrentes de crises internacionais econômicas e políticas.

Nesta semana, o preço de comercialização do petróleo no mercado internacional bateu novo recorde, sendo negociado acima dos US$ 70 o barril. ?O maior trunfo da empresa é exatamente o de chegar a esta auto-suficiência em um momento de escassez mundial de petróleo, com uma diferença muito frágil entre a produção e a demanda global, o que provoca elevada volatilidade (variação para cima e para baixo) nos preços?, ressalta Gabrielli.

A Petrobras, no entanto, procura separar o feito da auto-suficiência da política de preços dos derivados no mercado interno. De acordo com o presidente da empresa, não haverá alteração significativa a ponto de refletir no bolso do consumidor na hora de abastecer o seu veículo.

?Mas em momentos de elevada volatilidade dos preços do barril do petróleo no mercado internacional, as flutuações deste mercado poderão ser melhor administrada de forma a exercer menor pressão nos preços praticados internamente?, lembra José Sérgio Gabrielli.

Outra vantagem da auto-suficiência apontada pela direção da Petrobras é a de dar maior segurança ao abastecimento de derivados no País, que ficará praticamente imune a eventuais colapsos internacionais no setor petrolífero.

Na visão internacional, a estabilidade energética advinda da auto-suficiência melhora a percepção global do País e da própria Petrobras, hoje uma das maiores empresas petrolíferas do mundo e detentora de vários recordes e prêmios internacionais na prospecção de petróleo em águas profunda onde se concentra hoje a maioria das nossas reservas.

Tecnologia possibilita a autonomia

Rio (ABr) – A auto-suficiência na produção de petróleo é ?uma vitória do povo brasileiro? que só foi possível com o desenvolvimento da tecnologia em exploração de petróleo em águas profundas pela Petrobras, afirmou o diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Haroldo Lima.

?Desde que o Brasil começou a procurar petróleo, em 1953, havia a idéia, mesmo que remota, de que nós iríamos chegar à auto-suficiência na produção, um feito de importância estratégica para o país?, lembra Lima. ?As dificuldades eram muitas e naquela época o País convivia com déficits crescentes em nossa conta petróleo, que sempre foram dos mais pesados, mais onerosos para o erário.?

A guinada veio, segundo ele, com o direcionamento das pesquisas e dos recursos para exploração em águas profundas, que garantem atualmente 80% da produção nacional a partir da Bacia de Campos, no Rio de Janeiro. ?Nós não tínhamos grandes mananciais em terra quando começamos a desenvolver tecnologias em águas rasas. A descoberta das jazidas petrolíferas da Bacia de Campos mudou a história do petróleo no Brasil. Foram descobertos campos como os de Roncador e Marlim, ambos com bitola de Oriente Médio. Com uma performance muito acima das existentes. Foi quando começamos a alimentar a idéia da auto-suficiência?, conta o diretor-geral da ANP.

Haroldo Lima destacou a excelência mundial da Petrobras na exploração de poços com até 2.700 metros de lâmina de água (da superfície do oceano ao fundo), e a possibilidade de que a empresa possa vir a explorar jazidas em profundidades ainda maiores.

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