Brasil investe na produção de fertilizantes

Até 2018 o Brasil quer se tornar auto-suficiente na produção das principais matérias-primas dos fertilizantes. A informação foi dada pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, a representantes de cooperativas reunidos ontem em Curitiba para o lançamento de um consórcio agropecuário.

Segundo o ministro, a Petrobras deve apresentar até o final do ano projeto de auto-suficiência na produção de nitrogenados, fósforo e potássio. Para Stephanes, a alta dependência brasileira especialmente do potássio – 91% do nutriente utilizado no País vem de outros países – , é negativa não só por questão de segurança como de vulnerabilidade.

“Praticamente quatro países dominam as jazidas e três empresas dominam o mercado”, apontou o ministro. No Brasil, há apenas uma mina de exploração de potássio na região amazônica, que deve se esgotar em três ou quatro anos. “A Vale só agora está construindo uma estrutura para explorar”, disse o ministro.

Segundo ele, a Petrobras teria vendido a exploração de potássio na Amazônia à Falcon, do Canadá. “A Dilma (Roussef, ministra chefe da Casa Civil) ficou muito triste quando soube. O governo vai desfazer isso”, comentou. Além da região amazônica, segundo o ministro, há uma jazida de potássio que começa em Alagoas e vai até o Espírito Santo, ainda não explorada.

“A gente espera, até o final do ano, ter um documento com metas e quem vai fazer o quê”, disse. Segundo ele, a expectativa é que o Brasil se torne auto-suficiente na produção de potássio em dez anos.

Para outros dois produtos – os nitrogenados e o fósforo -, a expectativa é mais otimista: prazo de cinco e sete anos para atingir a auto-suficiência, respectivamente.

“Há jazidas suficientes de fósforo no Brasil, até mesmo para exportar. Mas algumas não estão sendo devidamente exploradas”, disse o ministro. O Brasil importa 51% do fósforo que consome.

Já no caso dos nitrogenados – dependência de 75% do mercado externo -, a produção depende do fornecimento de gás natural. “Há jazidas de gás na bacia de Santos (SP) em condições de serem utilizadas”, apontou o ministro. Em muitos casos, falta o aval do Ministério do Meio Ambiente para destravar os projetos de exploração. “São assuntos que envolvem todos os setores do governo”, apontou o ministro.

Consórcio

Vinte e uma cooperativas agropecuárias do Paraná decidiram se unir na tentativa de reduzir os custos com fertilizantes e criaram o Consórcio Nacional Cooperativo Agropecuário (Coonagro), que têm 60,5 mil cooperados e devem faturar em 2008 cerca de R$ 10 bilhões, ou 54% do total a ser movimentado pelas 80 cooperativas paranaenses do ramo agropecuário.

Segundo Frans Borg, presidente da cooperativa Castrolanda e eleito ontem presidente da Coonagro, a perspectiva é que as cooperativas, juntas, consigam até 20% de desconto na aquisição de fertilizantes.

“A gente sabe que quanto maior o volume, mais condições teremos de negociar o preço”, disse. A parte operacional do consórcio, segundo Borg, só deve começar no ano que vem, na compra de fertilizantes para a safra de inverno.

Para este ano, a previsão é que o Brasil consuma 26 milhões de toneladas de fertilizantes – só o Paraná deve utilizar 3,61 milhões de toneladas, sendo 2 milhões por cooperativas.

A disparada do preço do insumo é o que mais tem preocupado o setor. Em um ano, o preço da uréia subiu 168% no mercado internacional, o super triplo ficou 144% mais caro e o KCL teve aumento de 250%.

Segundo dados da Conab, na safra 02/03, os fertilizantes respondiam por 10% a 13% do custo total da produção de soja – passou para 15% a 20% na safra 08/09; no caso do milho, de 17% a 18% passou para 26% a 32% e, no trigo, de 16% a 19% do custo em 2002/03, passou para 26% a 27% este ano.

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