Londres (AE) – O Brasil não tira o sono dos investidores e não justifica apostas com tom temerário. Há meses analistas estrangeiros previam que a eleição presidencial seria antecedida por novas denúncias e turbulência política. Surpreendeu apenas a demora para o aparecimento desse clima. Uma coincidência infeliz fez com que o aquecimento político no Brasil surgisse justamente num momento negativo do ciclotímico ambiente externo.

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Mas, embora manifestem uma boa dose de preocupação com as perspectivas do País a partir de 2007, principalmente no campo fiscal e das reformas, a avaliação dos fundamentos da economia brasileira continuam, no geral, positivas, como ficou claro nas diversas avaliações feitas sobre o País durante a reunião do Fundo Monetário Internacional (FMI), encerrada nesta semana. A inflação está em queda, o crescimento é frustrante, mas está em ascensão. As exportações, embora cada vez mais afetadas por um mercado externo menos acelerado, estão longe de sinalizar uma ameaça para as contas externas brasileiras.

Segundo analistas, a duração do clima de nervosismo em torno do Brasil vai depender do humor externo e do andamento da crise política e seu impacto sobre as eleições.

Phillip Poole, chefe global de pesquisa em mercados emergentes do banco HSBC, acredita que o impacto da turbulência política no País deverá ser passageiro e os ativos poderão ser beneficiados por uma atitude mais seletiva entre os investidores a partir de agora.

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Segundo Poole, dois fatores estão agindo nos mercados: a aversão ao risco ligada ao temor de desaceleração nos Estados Unidos e, por outro lado, os yields extremamente baixos das letras de dez anos do Tesouro norte-americano, hoje em torno de 4,62%. ?Os investidores estão mais cautelosos, mas precisam buscar retornos mais graúdos?, disse Poole à AE. ?Com a curva de yields invertida nos Estados Unidos, o alvo natural de atenção são os emergentes, seja através dos papéis da dívida ou operações de carregamento, e o Brasil está bem posicionado nessa conjuntura.?

Poole avalia que o impacto causado pela desaceleração nos Estados Unidos ainda não foi transmitido aos mercados e quando isso ocorrer, será forte. Mas a fortuna dos emergentes será diferenciada. ?Os países com menor dependência comercial dos Estados Unidos, como o Brasil, Argentina e Rússia oferecem uma perspectiva mais positiva nesse cenário do que outros mais atrelados à economia norte-americana ou com déficits em conta corrente, como o México e Hungria?, explicou.

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Por isso, vários analistas acreditam que qualquer eventual queda excessiva dos preços dos ativos brasileiros será amortecida por investidores ansiosos em comprar esses instrumentos na baixa, apostando numa valorização quando a tempestade passar. Como disse o estrategista de um banco alemão, que integra a ala dos otimistas, a atual turbulência deve ser vista com um viés positivo propiciando janelas de oportunidade.