O chanceler Celso Amorim disse ontem que o Brasil não vai mais apenas apostar nas negociações da Rodada Doha e vê mais chances de avanço nas negociações com países emergentes. Segundo ele, o Brasil terminará 2009 com 60% de suas exportações indo para países emergentes, ante 56% em 2008. Mas Amorim não esconde sua frustração com a falta de acordo em Doha, lançada em 2001, e diz ter esperanças de que as negociações entre países do Sul sejam mais rápidas. “Não podemos colocar todos os ovos em uma cesta só”, disse, admitindo que a questão dos subsídios só será resolvida na Organização Mundial do Comércio (OMC), patrocinadora da Roda Doha.
Nos últimos dias, Amorim fez vários anúncios de acordos comerciais. Ontem, foi a vez de o ministro do Comércio do Egito, Rashid Mohamed Rashid, informar que se comprometeu a concluir um acordo de livre comércio com o Mercosul até junho de 2010. “Fechamos um compromisso de que isso ocorra; é do interesse de todos”, disse. O Egito importa alimentos e quer exportar têxteis. Também ontem, o Brasil, os países da África Austral e a Índia lançaram a ideia de criação do maior bloco político e comercial do Hemisfério Sul. Rob Davies, ministro do Comércio sul-africano, disse que o projeto pode levar anos.
Amanhã, Amorim espera assinar com outros 18 países do Hemisfério Sul um acordo para o corte de tarifas em 20%. Como o Grupo Estado informou ontem, o Brasil abrirá seu mercado para os produtos dos 30 países mais pobres do mundo. Os beneficiados, como Bangladesh, já calculam os lucros. “Queremos vender têxteis baratos para o Brasil. Quem vai ganhar é a população brasileira de menor renda”, afirmou o ministro Mohamed Khan. O ministro de Comércio de Cuba, Rodrigo Malmierca, também pediu a Amorim maior aproximação entre os dois países na área comercial e de investimentos.