Recife
– O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) deverá financiar a exportação de bens, equipamentos e serviços brasileiros para a Venezuela, no valor de US$ 1 bilhão (cerca de R$ 3 bilhões) ao longo deste e do próximo ano. Em garantia do pagamento da dívida, a Venezuela oferece seu petróleo. Este foi um dos 25 pontos acertados ontem entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega da Venezuela, Hugo Chávez, em reunião no Palácio do Campo das Princesas, no Recife.Pelo acordo que está sendo feito com a Venezuela, o BNDES pagará os bens exportados pelo Brasil e passará a ter o crédito com a Venezuela. Deverão entrar na lista de bens e equipamentos fábricas inteiras de beneficiamento de produtos agrícolas, além de máquinas também destinadas à agricultura. Também foi acertada uma linha de crédito emergencial de US$ 50 milhões (cerca de R$ 150 milhões) para a que Venezuela possa comprar remédios e alimentos produzidos no Brasil, num esforço para normalizar o abastecimento no país vizinho.
O encontro de Lula com Chávez foi demorado. Começou por volta das 10h e terminou com almoço, às 16h. Participaram do encontro os ministros da Fazenda, Antonio Palloci; do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan; da Casa Civil, José Dirceu; da Saúde, Humberto Costa; o general Jorge Armando Félix, e o da Integração Nacional, Ciro Gomes, além do presidente do BNDES, Carlos Lessa, e do presidente da Petrobras, José Eduardo Dutra.
Lula disse que, com Chávez, vai procurar os demais países latino-americanos para aprimorar as posições na Organização Mundial do Comércio (OMC) e no processo de discussão da Área de Livre Comércio das Américas (Alca): “No caso da Alca, estamos convencidos de que é preciso avançar de forma eqüitativa e equilibrada, levando em conta os diferentes níveis de desenvolvimento econômico dos países do hemisfério e as graves carências sociais que se observam em muitos deles”. O presidente do Brasil contou que, na conversa com Chávez, os dois examinaram os desdobramentos da situação no Oriente Médio. “Além do custo da guerra em termos de dor e de perdas humanas, há também a lamentar o uso da força sem autorização expressa do Conselho de Segurança das Nações Unidas”, disse.
Lula acrescentou que ele e seu colega reafirmaram a necessidade de combate ao terrorismo e de uma reforma da ONU, com a reformulação do Conselho de Segurança. “Conversamos também sobre a estagnação da economia mundial, que muito nos preocupa” afirmou Lula. “Todo o esforço que estamos fazendo para recuperar nossas economias não atingirá plenamente seus objetivos se não houver mudanças na ordem econômica mundial, que facilitem os fluxos de recursos para investimentos em nossos países.” A integração da América Latina foi um tema no qual houve sintonia entre Lula e Chávez. O presidente do Brasil disse que há urgência na negociação de uma zona de livre comércio entre a Comunidade Andina e o Mercosul e entre a Venezuela e o Mercosul. Em uma de suas declarações, Chavez chamou Lula de “amigo de verdade”.