Brasil fabrica o primeiro avião movido a álcool

São Paulo

  – A Neiva, empresa subsidiária da Embraer, apresentou ontem, o primeiro avião movido a álcool do mundo. O EMB-202 Ipanema é uma aeronave voltada para o mercado agrícola, capaz de fazer aplicações de defensivos, fertilizantes ou até mesmo despejar água sobre incêndios em áreas abertas. De acordo com o gerente comercial da Neiva, Luiz Fabiano Zaccarelli Cunha, os constantes aumentos do preço da gasolina levaram a empresa a retomar o projeto de construir um avião movido a álcool.

O projeto de um avião a álcool nasceu nos anos 80 no Centro Técnico Aeroespacial (CTA), em São José dos Campos. Com o preço da gasolina em alta, resolvemos retomar o projeto – explicou Cunha.

Por fora, o Ipanema a álcool é idêntico ao modelo a gasolina, tanto nas dimensões quanto na capacidade para levar apenas uma pessoa (o piloto). A diferença está no motor Lycoming, de seis cilindros e 300 hp, importado dos Estados Unidos. Na fábrica da Neiva, o motor, que originalmente utiliza gasolina de aviação, é convertido para álcool (etanol, a 96º) com modificações no sistema injetor. Segundo Cunha, com essa mudança a aeronave movida a álcool tem um aumento entre 15% a 18% no consumo de combustível.

A grande vantagem do modelo a álcool é a economia proporcionada pelo combustível. Enquanto o litro da gasolina de aviação custa R$ 3,50 em São Paulo, o álcool pode ser encontrado no Estado por R$ 0,90. Pelos cálculos de Cunha, um avião a álcool que voe 400 horas por ano teria um gasto anual de R$ 29.880 em combustível, contra R$ 98.000 de um modelo a gasolina.

Ou seja, o Ipanema a álcool proporcionará uma economia de mais de R$ 68 mil por ano ao seu proprietário, apenas nos gastos com combustível.

De acordo com o executivo da Neiva, o Ipanema a álcool também sofre modificações nas asas, no tanque, na fuselagem e na mangueira de combustível. A vantagem do álcool, ressalta Cunha, é ter uma taxa de compressão maior que a da gasolina de aviação. O lado negativo é o alto índice de corrosão do novo combustível.

– O avião voa bem. Mas a corrosão é mesmo o maior problema. Por isso, estamos usando novos materiais, muitos deles já testados e aprovados pela indústria automobilística – afirmou o executivo.

Segundo Cunha, todo o desenvolvimento e a certificação do Ipanema a álcool deverá consumir investimentos da ordem de US$ 300 mil. Além da parte nacional, informou, a Lycoming se comprometeu a trabalhar para trocar o pistão e melhorar a taxa de compressão do motor a álcool.

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