Está em risco o acordo selado entre Brasil e Estados Unidos na “disputa do algodão”. O acordo compensa o Brasil pelos subsídios americanos aos seus produtores de algodão e evita uma retaliação milionária do País contra produtos vindos dos EUA. O problema ocorre às vésperas da visita do presidente Barack Obama ao País em março.

continua após a publicidade

O deputado Ron Kind, de Wisconsin, está tentando incluir uma emenda no orçamento dos Estados Unidos para eliminar os pagamentos concedidos ao Brasil. O argumento do deputado é que não faz sentido pagar o fundo para os agricultores brasileiros em época de ajuste fiscal. Segundo analistas sediados em Washington, a emenda de Kind tem chances de ser aprovada, porque existe um apelo por corte de despesas nos Estados Unidos por causa da crise.

Os EUA custeiam um fundo de US$ 147 milhões por ano recebido pelo Instituto de Algodão do Brasil, uma entidade privada que financia pesquisas que ajudam no desenvolvimento da cultura do algodão no País. A compensação é um dos pilares centrais de um acordo selado entre os dois países. O Brasil venceu uma disputa contra os EUA na Organização Mundial do Comércio (OMC). O xerife do comércio mundial considerou ilegais os subsídios americanos aos seus produtores de algodão.

O governo brasileiro está acompanhando o assunto com atenção. “Se a emenda passar e os pagamentos forem interrompidos, juridicamente o acordo perde o valor. O governo brasileiro deverá então retomar a discussão sobre a retaliação”, afirmou ao Estado o embaixador do Brasil na OMC, Roberto Azevedo. Ele liderou a equipe brasileira na negociação do acordo com os americanos.

continua após a publicidade

Japão

O Brasil questiona na Organização Mundial do Comércio (OMC) os subsídios dados pelo Japão à fabricação de jatos, no que pode se transformar em nova guerra comercial. O Brasil enviou um questionário ao Japão para que explique o dinheiro dado pelo governo à Mitsubishi Regional Jet. Para o governo brasileiro, há a suspeita de que a ajuda do governo não está amparada pelas regras da OMC e prejudicará as exportações da Embraer.

continua após a publicidade

O questionamento está ocorrendo no marco da revisão da política comercial do Japão, que ocorre a cada dois anos na OMC. Uma disputa legal ainda não está sendo lançada e, por enquanto, o Brasil apenas cobra de Tóquio uma explicação. A diplomacia japonesa deu uma resposta ao questionário brasileiro, mas sem detalhes e de forma insuficiente, aos olhos do Itamaraty.

O Japão está se preparando para entrar no mercado de jatos regionais, hoje dominado por Brasil e Canadá. Até 2014, deverá lançar um modelo para 92 pessoas. Mas, quatro anos antes da entrada em operação, 200 encomendas já foram feitas. Um dos focos da empresa japonesa é abocanhar um terço do mercado japonês no médio prazo, reduzindo o mercado da Embraer. Além de lançar jatos regionais, o Japão já é o maior fornecedor de peças à Boeing. Um terço das partes usadas nos novos aviões americanos vem da empresa japonesa.

Para o Brasil, o que preocupa hoje é a forma pela qual esse projeto tem sido financiado. “Isso é uma questão de grande preocupação para o Brasil”, afirmou o Itamaraty na OMC. Segundo o Brasil, a questão já foi tratada em 2009, sem que o Japão explicasse o volume de dinheiro destinado pelo governo à empresa.