Brasil é o 8º em remessas de emigrantes

Genebra (AE) – O Brasil é o oitavo país em desenvolvimento que mais recebe dinheiro de emigrantes que estão trabalhando no exterior. Dados do Banco Mundial (Bird) apontam que a economia brasileira recebeu, oficialmente, US$ 3,6 bilhões em remessas do exterior. Entre 2001 e 2004, esse volume triplicou, ainda que o valor real das remessas possa ser bem maior, diante do crescente uso de canais informais para enviar o dinheiro. O próprio Banco Mundial aponta que o número para 2004 é de US$ 5,8 bilhões. Esses recursos superam os lucros alcançados pelas exportações de algumas das commodities mais competitivas do País.

Em 2005, o Bird calcula que os emigrantes de países pobres trabalhando nos países ricos enviarão US$ 167 bilhões de volta a suas famílias. Pelos canais informais e ilegais, outros US$ 80 bilhões poderiam ser enviados também. Seja qual for o valor correto, o Bird aponta que esses recursos estão se tornando essenciais para várias economias e já representam o dobro de todo o dinheiro dado pelos governos de países ricos em ajuda ao desenvolvimento no mundo.

De acordo com o levantamento, o aumento entre 2001 e 2005 no volume de remessas foi de 100%. Entre 2004 e 2005, o crescimento foi de US$ 7 bilhões. ?Essa tendência de aumento será mantida nos próximos anos, pois a migração também continuará crescendo?, afirmou Uri Dadush, um dos diretores do Banco Mundial.

A proporção de estrangeiros no mercado de trabalho dos países ricos dobrou nos últimos 30 anos. Em 1970, a proporção era de 4,3% da força de trabalho nas economias centrais. Hoje, os imigrantes superam a taxa de 8% e já somam 200 milhões de pessoas.

Os indianos são os que mais enviam recursos para casa: US$ 21,7 bilhões, seguidos por chineses, com US$ 21,3 bilhões, mexicanos, com US$ 18,1 bilhões, e filipinos, com US$ 11,6 bilhões. Para este ano, se o cálculo incluir as remessas entre países ricos, o volume total de dinheiro circulando no mundo chega a US$ 232 bilhões. Nesse caso, o Brasil seria o 13.º colocado, segundo o Bird.

Em média, um emigrante manda 20% de seu salário de volta para casa todos os meses. Não por acaso, alguns países chegam a contar com esses recursos como parte da própria renda do país. No Reino de Tonga, por exemplo, as remessas representam 31% do PIB do país. Já no Haiti, 25% do PIB vem das remessas dos emigrantes. Em 34 países, as remessas superam a marca de US$ 1 bilhão por ano. Para 28 deles, a renda de remessas é maior que qualquer produto exportado.

O impacto das remessas no desenvolvimento dos países de origem é claro para o Bird. Além do trabalhador, que em média tem seu salário triplicado ao sair do país, a emigração reduz pobreza. Um aumento de 10% no volume de remessas tira 3,5% de pessoas miseráveis do nível da pobreza em certos países.

Em 20 anos, se a taxa de imigrantes na força de trabalho dos países ricos aumentar em 3%, os ganhos globais serão de US$ 356 bilhões, ou 0,6% da renda do mundo. Segundo o Bird, isso seria um benefício superior aos ganhos que seriam obtidos com a total liberalização do comércio mundial em discussão na Organização Mundial do Comércio (OMC).

O Bird ainda sugere que as taxas cobradas para o envio de recursos sejam reduzidas para facilitar esse fluxo. Hoje, essas taxas estão entre 10% e 15%, mas são superiores para montantes pequenos, exatamente aqueles enviados pelos imigrantes.

Perigos

Mas as remessas não podem ser consideradas como soluções para tudo. O Bird alerta que esse dinheiro não pode ser um substituto para o desenvolvimento. O banco avalia que esses recursos podem criar dependência e ainda ser um veículo de lavagem de dinheiro. Ainda assim, os especialistas acreditam que os governos não devem nem taxar nem tentar direcionar esses recursos.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo