São Paulo
– Brasil e México decidiram ontem na Cidade do México, reabrir oficialmente negociações em busca de uma área de livre comércio entre os dois países. O site do jornal econômico mexicano Reforma relata que o secretário de Economia mexicano, Luis Derbez, e o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Sérgio Amaral, afirmaram que o êxito dessas negociações, embora sem data definida para concluir significará a criação de uma área de comércio entre as duas principais economias da América Latina.“O governo do México deu luz verde às negociações”, disse Derbez. Amaral, por sua vez, afirmou que Brasil e México decidiram negociar um acordo com apoio dos empresários. “Os setores que começarão a negociar são os de calçados, têxteis e móveis”, acrescentou o ministro, que está na Cidade do México.
O secretário mexicano e o ministro anunciaram a decisão durante um seminário sobre comércio internacional e investimentos na América latina, organizado pelo governo mexicano. “Os empresários terão de determinar o ritmo das negociações”, sugeriu Derbez.
O início das negociações para criar uma área de livre comércio não implica abandonar o compromisso assinado no início de julho, em Buenos Aires, para ampliar o comércio por meio de Acordos de Complementação Econômica (ACE) que existem no âmbito da Aladi nem as margens de preferência tarifária no setor automotivo, disse Derbez.
Amaral explicou também que o comércio entre o Brasil e o México tem um potencial de crescimento anual de 10% a 15%, taxas que poderiam ficar ainda maiores se a economia brasileira retomar o processo de crescimento e a normalização financeira.
Entre janeiro e junho deste ano, o México se tornou o quatro principal mercado para as exportações brasileiras, que somaram US$ 1 bilhão, ou 17% a mais em relação ao mesmo período do ano passado. Já as importações do mercado mexicano caíram 23 5%, provocando um superávit favorável ao Brasil de US$ 713 milhões.
Oscilações
Na década de 90, o comércio entre os dois países teve altos e baixos. A balança comercial, que até 1994 registrara superávits favoráveis ao Brasil, passou a ser deficitária para o País a partir de 1995. Naquele ano, o primeiro depois da crise da tequila (dezembro de 1994), as exportações brasileiras despencaram 53%, enquanto as importações daquele mercado disparam 153%, em decorrência da recessão mexicana, da forte desvalorização do peso e da abertura do mercado brasileiro.