Brasil é “leopardo do crescimento” freado pelo Estado, diz jornal britânico

O jornal britânico Financial Times publica hoje um caderno especial sobre o Brasil, avaliando-o como um ?leopardo do crescimento? freado pelo peso do Estado. Em seis páginas, além de reportagens sobre a situação política e econômica, o diário financeiro mais influente da Europa aborda o vigor do setor privado, exemplificado pela performance da Companhia Vale do Rio Doce, a importância do setor agrícola, o crescimento no setor imobiliário, a maior maturidade dos mercados financeiros e a ?transformação? da indústria cinematográfica, entre outros temas.

O FT enfatizou a discrepância entre o papel do setor privado no crescimento e modernização da economia brasileira em relação ao setor público, cujo tamanho e custo limitam uma performance ainda melhor. ?Dois motores. Dois Brasis?, disse o diário britânico. Um deles ?é o mundo muito competitivo internacionalmente e produtivo das grandes companhias brasileiras, especialmente aquelas envolvidas em crescentes mercados de exportação, irradiando um desenvolvimento e criação de empregos do estilo chinês?. O outro ?é o mundo câmera lenta do setor público?. Esse mundo, observou o jornal, ?é aquele no qual o Estado é o grande provedor, onde oportunidade e avanço estão ao alcance daqueles que estão próximos do poder?.

O FT afirma que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao manter as políticas macroeconômicas liberais introduzidas na década de 90, ?tem presidido ao longo de um período de estabilidade e avanço para os pobres inédito?. A inflação baixa, os programas de transferência de renda para os pobres, o boom das exportações e as condições econômicas globais extraordinariamente benignas tornaram Lula ?o mais popular presidente brasileiro? da história. Segundo o FT, o vindouro boom nos biocombustíveis deverá representar um novo choque positivo para o Brasil.

Ao mesmo tempo, disse o jornal, um sistema tributário complexo, a enorme burocracia, pensões do setor público ?custosas e injustas? e leis trabalhistas ?extremamente rígidas? prejudicam a eficiência econômica e restringem o crescimento a taxas bem abaixo daquelas necessárias para lidar com as necessidades sociais e melhorar uma infra-estrutura física deficiente?. O FT observou que o presidente Lula mostra ?relutância em embarcar em reformas politicamente custosas?.

O jornal observou que na visão de Wall Street ou das diretorias das ?impressionantes? instituições financeiras brasileiras, ?o dinamismo do setor privado está forçando o ritmo de mudança?. Mas ?pode haver limites sobre o quão longe o setor privado poderá empurrar a economia por si mesmo?. Uma das preocupações é o recente crescimento no consumo. Essa tendência poderá levar os consumidores a um limite de endividamento, e o remédio para isso será um aumento da renda.

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