Brasília – Apesar do interesse de retomar as negociações entre Mercosul e Europa, manifestado durante reunião de cúpula no começo deste mês, em Lisboa, Brasil e União Européia ainda pretendem esperar a evolução da atual negociação na Organização Mundial do Comércio, a Rodada Doha.
A posição foi manifestada pelo chefe da delegação da Comissão Européia no Brasil, João Pacheco, e pelo delegado permanente do Brasil na Associação Latino-Americana de Integração (Aladi), Regis Arslanian. Os dois participaram de seminário sobre o papel da sociedade civil na aproximação entre Mercosul e União Européia, na última quarta-feira (18), em Brasília.
"Hoje estamos esperando um resultado da Rodada Doha e, dependendo deste resultado, retomaremos a negociação [do acordo bilateral entre os dois blocos regionais]", afirmou Arslanian, reforçando que João Pacheco expressou a mesma opinião durante o seminário.
A aproximação comercial foi suspensa no final de 2004. Insatisfeitos com as propostas apresentadas, Brasil e UE decidiram esperar avanços na Rodada Doha, acreditando que as regras negociadas multilateralmente facilitarão as negociações bilaterais.
Apesar do impasse, o embaixador brasileiro defendeu os termos propostos pelo Mercosul. "Nunca antes aprofundamos tanto e apresentamos uma oferta tão abrangente quanto a que está sobre a mesa para a União Européia", destacou, comparando com associações anteriores do Mercosul, com Índia, Israel e União Aduaneira da África Austral (SACU). "Nossa negociação Mercosul-União Européia não é só uma oferta de produtos".
Ele revelou que em investimentos, por exemplo, o Mercosul ofereceu equiparação de direitos e obrigações entre empresas locais e européias. Em serviços, a oferta abrange telecomunicações, serviços financeiros e transporte marítimo. Em compras governamentais, o Mercosul ofereceu a mesma preferência dada aos parceiros do bloco.