As multinacionais brasileiras que atuam nos Estados Unidos terão a partir de hoje uma economia significativa no custo para enviar funcionários para trabalhar em suas filiais norte-americanas. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), um acordo entre os dois países reduzirá em até 39% o peso dos encargos previdenciários que hoje sobrecarregam as folhas de pagamento.

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De acordo com o ranking da Fundação Dom Cabral, 44 das 65 principais multinacionais brasileiras têm subsidiárias próprias ou atuam por meio de franquias nos Estados Unidos.

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Até ontem, para manter um funcionário brasileiro em solo norte-americano, as empresas daqui precisavam recolher os tributos previdenciários em ambos os países. O mesmo ocorria para as companhias norte americanas que operam no Brasil. Com o acordo, firmado em junho, a bitributação deixa de ocorrer.

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A partir de hoje, e por um prazo de cinco anos, a contribuição para a Previdência só será cobrada no país de origem da empresa. Ou seja, as multinacionais brasileiras somente pagarão o imposto brasileiro, enquanto as empresas americanas só recolherão os tributos previdenciários do seu país de origem.

“Sem o acordo, se enviamos um trabalhador para o exterior, ele fica vinculado à Previdência daqui e do outro país, sendo duplamente tributado. O acordo reduz custo para as empresas, favorecendo os investimentos no Brasil e os investimentos de multinacionais brasileiras nos Estados Unidos”, diz o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi.

Contribuição

O acordo também terá impacto direto sobre os direitos de mais de 1,3 milhão de brasileiros que trabalham nos EUA e 35 mil americanos vivendo no Brasil. Os brasileiros poderão pedir a soma dos tempos de contribuição nos dois países para se aposentar. Os americanos poderão requerer benefícios como aposentadoria por idade ou por invalidez.

A redução de custo previdenciário ainda poderá ser revertida em melhores salários para os profissionais, segundo a CNI.

“Os Estados Unidos são o principal destino dos trabalhadores brasileiros em deslocamento temporário. Quase metade dos trabalhadores do País que se mudaram para o exterior escolheu os Estados Unidos como seu destino, o que mostra a importância desse entendimento”, afirmou Abijaodi.

O Brasil possui acordos bilaterais semelhantes em vigor com diversos países, como Alemanha, Bélgica, Cabo Verde, Canadá, Chile, Coreia do Sul, Espanha, França, Grécia, Itália, Japão, Luxemburgo, Portugal. O País também tem acordos com blocos multinacionais como o Mercosul (Uruguai, Argentina e Paraguai) e países ibero-americanos (incluindo Bolívia, El Salvador, Equador e Peru).

A CNI elaborou um manual sobre as regras específicas de cada um desses acordos. Além disso, a entidade apoia as tratativas para a assinatura de acordos dessa natureza também com África do Sul, Colômbia, México, Índia e Holanda. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.