Brasil é campeão em desigualdade

Rio – O relatório sobre desigualdade da Organização das Nações Unidas (ONU), divulgado ontem, mostra que o Brasil tem a maior desigualdade de renda do mundo. Conforme o estudo, a renda per capita dos 10% mais ricos supera em 32 vezes a dos 40% mais pobres no Brasil.

O relatório procura caracterizar o fenômeno desigualdade como algo que vai muito além das simples diferenças de renda, e inclui acesso à educação, saúde, poder político, segurança, meio ambiente etc. Segundo o documento, todas estas dimensões estão inter-relacionadas, e têm de ser abordadas conjuntamente para se superar o problema.

O trabalho é mais uma edição de uma série de documentos bianuais da ONU sobre a ?situação social no mundo?. Os temas centrais variam a cada publicação. Na abertura do novo documento a ONU afirma que o compromisso global de superar a desigualdade assumido na Cúpula de Desenvolvimento Social de Copenhague, em 1995, e reforçada pela Declaração do Milênio, está esmaecendo. ?Ignorar a desigualdade na persecução do desenvolvimento é perigoso?, alerta a ONU.

O documento critica a privatização de programas sociais e elogia os sistemas de aposentadoria. ?Os benefícios para as pessoas idosas freqüentemente estendem-se para a família toda, já que o dinheiro e outros recursos que eles possuem invariavelmente são repartidos com os descendentes e dependentes mais jovens?, diz o relatório, acrescentando que ?os governos deveriam, portanto, identificar mudanças de políticas que sejam necessárias para sustentar e apoiar os idosos, em vez de tentar cortar custos?.

O relatório mostra que estão ausentes dos debates internacionais temas muito importantes para os países em desenvolvimento, como mobilidade internacional de trabalhadores, facilidade de remessas e coordenação de políticas macroeconômicas entre os países ricos para evitar turbulências na economia global.

A ONU diz que os gastos militares mundiais, que caíram de US$ 762 bilhões em 1993 para US$ 690 bilhões em 1998, voltaram a crescer, atingindo US$ 956 bilhões em 2003, e provavelmente passando de US$ 1 trilhão em 2005 – 20 vezes mais do que a ajuda dos países ricos para os pobres. Segundo o relatório, a abertura comercial no Brasil e México levou os salários a cair.

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