O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que o sistema de pagamentos que vai permitir o comércio em moedas locais com a Argentina a partir de 2007 afetará a taxa de câmbio, pois diariamente há um fluxo de cerca de US$ 18 milhões devido ao comércio com o país vizinho e, com a medida, haverá menor entrada de dólares no País. Mantega considerou que os efeitos serão positivos no sentido de evitar a valorização tanto do real quanto do peso, uma vez que entrarão menos dólares no Brasil e na Argentina. A ministra da Economia da Argentina, Felisa Miceli, ao lado de Mantega, balançou a cabeça em sinal afirmativo.
O ministro disse ainda que os Congressos dos dois países não devem colocar obstáculos à aprovação do sistema ?porque é uma medida técnica que beneficia os Estados e não os governos?.
Mais comércio
Mantega prevê também que, com o novo sistema de pagamentos, o comércio bilateral no Mercosul vai aumentar. Os procedimentos ficarão mais simples, sem a necessidade da troca de moedas por dólar, e isso deve incentivar a participação de pequenas e médias empresas no comércio bilateral.
Segundo ele, a tendência é de as moedas locais ganharem mais espaço em outros países participantes do bloco, à medida que estes entrarem no sistema de pagamentos. Ele lembrou que os demais sócios e associados do Mercosul poderão participar do sistema. ?Vai funcionar um pouco como o convênio de créditos recíprocos (CCR)?, onde há a compensação dos saldos das operações comerciais entre os países membros.
Moedas locais
O novo sistema está sendo preparado para ser anunciado até dezembro pelos presidentes dos dois países, Luiz Inácio Lula da Silva, do Brasil, e Néstor Kirchner, da Argentina.
O projeto prevê a compensação entre os bancos centrais dos dois países em dólar, mas a negociação entre empresas será em moedas locais. Segundo o Ministério da Fazenda, o projeto deve aumentar a competitividade dos produtos dos dois países e facilitar a inserção de pequenas e médias empresas no comércio bilateral. A idéia é que este seja um projeto-piloto, posteriormente estendido aos demais países do Mercosul.