De mãos dadas

Brasil e Argentina querem resolver problemas comerciais em até quatro meses

Os problemas comerciais entre o Brasil e a Argentina devem ser resolvidos em até 120 dias. O prazo foi estabelecido hoje (15) durante reunião entre os ministros das Relações Exteriores do Brasil, Antonio Patriota, e da Argentina, Héctor Timerman. Segundo Patriota, a partir da primeira semana de junho serão retomadas as reuniões regulares da Comissão de Monitoramento de Comércio Bilateral e do Comitê Automotivo. “Foi firmado um compromisso de examinarmos com cuidado os pleitos argentinos e a Argentina examinar com cuidado os pleitos brasileiros”, disse.

Entre as reivindicações argentinas estão a facilitação do acesso ao mercado brasileiro de uvas, uva passa, camarão, frutas cítricas e medicamentos. Já o Brasil espera eliminar as barreiras para a exportação de carne suína. “A ideia é ajudar a reduzir o déficit comercial que a Argentina tem com o Brasil. Existem muitos produtos que Brasil poderia importar da Argentina de forma conveniente”, ressaltou Timerman.

Desde o início do ano, o governo argentino tem adotado medidas para dificultar a importação de produtos brasileiros. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), as exportações brasileiras para a Argentina caíram 27,1% em abril em relação ao mesmo período do ano passado.

Em contrapartida, o governo brasileiro aumentou a lista de produtos argentinos perecíveis que vão passar pelo regime de licenciamento não automático, e podem ficar retidos por até 60 dias antes de entrar no país.

O ministro argentino defendeu que os dois países enfrentem juntos o cenário de dificuldades na economia internacional. Ele garantiu que os problemas de importação de carne de porco serão resolvidos em poucos dias, como forma de demonstrar a decisão política de resolver todos os problemas comerciais entre os dois países. “Quando há uma decisão política de resolver um tema econômico, ele pode ser resolvido”.

No entanto, o ministro de Comércio Interior da Argentina, Guillermo Moreno, condicionou o fim das cotas impostas à carne suína brasileira à liberação da entrada de produtos argentinos no Brasil. “O importante é incrementar o comércio entre os dois países. Na medida em que isso se manifesta, com a diminuição do déficit da Argentina, o tema das carnes suínas, que preocupa a muitos produtores, sumiu, desapareceu”, disse.

Ao sair da reunião, o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho, não quis comentar os problemas comerciais com a Argentina, apenas ironizou. “Não foram eles que pediram ‘uno por uno’?”, referindo-se a um modelo de comércio argentino que prevê a compensação das importações de uma empresa com suas exportações.

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