A guinada protecionista dos Estados Unidos e a saída da Venezuela do Mercosul formam um ambiente propício para acelerar negociações comerciais com blocos e países. A percepção foi compartilhada pelas delegações do Brasil e Argentina que se reuniram por dois dias em Brasília. Um dos focos de atenção dos sócios sul-americanos são as negociações com a União Europeia que poderiam ter assinatura de um acordo de livre comércio em até um ano.

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“A União Europeia mostra um interesse que não existia. Cecilia Malmström (comissária de comércio exterior da UE) disse que planeja terminar a negociação com o Mercosul em um ano”, disse o ministro de comércio exterior da Argentina, Francisco Cabrera, em entrevista coletiva, ao comentar conversa com a colega europeia durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

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Ao lado do ministro argentino, o ministro do Desenvolvimento, Marcos Pereira, disse que o bloco sul-americano quer aproveitar essa sinalização de Bruxelas e lembrou que há ambiente propício criado pela reconfiguração do Mercosul. “Queremos aproveitar essa quadra. Com a suspensão da Venezuela, estamos desanuviados e o Mercosul está alinhado como não esteve nos últimos anos”, disse o brasileiro.

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Ainda que reconheçam oportunidades, Cabrera e Pereira foram cautelosos ao comentar a guinada na política externa dos EUA. Os dois ministros sempre citaram possibilidades no condicional e com a ressalva de que medidas precisam ser confirmadas pelo governo dos EUA. Mesmo assim, reafirmaram oportunidades.

“Confirmadas medidas do governo Donald Trump, o Brasil terá uma gama de oportunidades”, disse o ministro brasileiro. “Se efetivamente a política dos EUA é revisar e cancelar alguns acordos comerciais, haverá muitos sócios do sudoeste asiático que vão querer revisar toda a política externa”, disse o ministro argentino.

Neste contexto de mudança da política comercial dos EUA, Pereira disse que o presidente Michel Temer “pediu que nós, o Mercosul, possamos avançar em diálogos com países da aliança do Pacífico”. O ministro citou como exemplos a Colômbia, Peru e o México.