Brasil e Argentina negociam moeda local

Brasília (AE) – Brasil e Argentina deverão adotar, já em meados do ano, suas moedas locais para as transações comerciais entre os países. A informação é do Banco Central, que realiza no início de fevereiro uma reunião técnica com Buenos Aires para tratar dos últimos detalhes para a entrada em vigor da medida. O objetivo dos governos é a de reduzir os custos de transação entre os dois países, que não precisariam mais fazer o câmbio em dólar para realizar as exportações e importações.

O BC ainda não sabe efetivamente quanto será o ganho com essa medida, mas aposta na iniciativa para facilitar a vida para quem comercializa dentro do bloco. Segundo os planos de Brasil e Argentina, a medida começará a ser válida apenas para os dois principais parceiros do Mercosul, em um primeiro momento. Só depois é que Paraguai, Uruguai e Venezuela seriam incorporados.

Além de reduzir custos, a substituição do dólar teria um impacto no fortalecimento das moedas locais e reduziria a pressão sobre o câmbio. Câmaras de compensação ficariam responsáveis por acertar as operações entre argentinos e brasileiros. O comércio entre os dois países chega a US$ 16 bilhões por ano.

A medida vem em um momento de crise no Mercosul. A Argentina, autora da proposta sobre as moedas, levou o Brasil aos tribunais da Organização Mundial do Comércio (OMC) por causa de uma medida de antidumping aplicada pelo País no setor de resinas. Buenos Aires fez isso sem passar pelos mecanismos existentes no Mercosul.

Pobres

A Argentina possui três milhões de pobres a mais do que os números oficiais divulgados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), segundo levantamento elaborado pela Central de Trabalhadores da Argentina (CTA). A taxa de pobreza seria de 39,6% (15,1 milhões) e não 31,4% (12,1 milhões de pessoas). A metodologia utilizada pela CTA foi desenvolvida pelo próprio Indec em 1996, mas nunca foi aplicada para evitar os números negativos sobre o assunto.

O estudo coordenado pelo economista e deputado de esquerda, Claudio Lozano, também mostra que existe um milhão a mais de pessoas abaixo da linha de pobreza do que dizem as cifras oficiais, passando dos atuais 4,3 milhões para 5,3 milhões de pessoas, indo de 11,2% para 14,4% da população argentina. Conforme os dados de junho de 2006, uma família com dois filhos em idade escolar era considerada indigente se o ganho familiar fosse igual ou menos que 391,2 pesos (US$ 126,19). Porém, a CTA diz que o salário necessário para não ser indigente é de 464,5 pesos (US$ 149,83).

Pelo estudo, o mesmo tipo de família precisaria ter um salário mensal de 1.572,1 pesos (US$ 507,12) para não cair na linha de pobreza. Mas segundo o governo, o valor desse salário familiar seria menor: 856,9 pesos (US$ 276,41).

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