Após dois dias de negociações, representantes dos governos da Argentina e do Brasil não avançaram em medidas concretas para a flexibilização de barreiras mútuas que limitam o comércio entre os dois países. “Não há avanços práticos de curto prazo” para os produtos brasileiros barrados pela Argentina, reconheceu o secretário executivo do Ministério de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Alessandro Teixeira, durante entrevista aos correspondentes brasileiros em Buenos Aires.
Teixeira informou que os dois países vão realizar uma nova reunião dentro de 15 dias, em data ainda a ser marcada, conforme a disponibilidade da agenda dele e do secretário de Indústria argentino, Eduardo Bianchi.
Usando um tom de conciliação, Teixeira afirmou que as reuniões dos últimos dois dias não tinham o objetivo de chegar a um acordo específico sobre o fluxo comercial. “As reuniões foram em um clima muito bom e não tratamos só de problemas, mas de monitoramento do comércio (…) Não viemos aqui com uma proposta fechada, nem com a expectativa de receber uma proposta da Argentina para fechar um acordo”, disse Teixeira. “Essa primeira reunião foi para que colocássemos dados na mesa, porque nós temos números que, às vezes, não são os mesmos do governo argentino”, reconheceu.
Cuidadoso com as palavras, o secretário evitou expressões que pudessem evidenciar o fracasso das negociações e a existência de fortes divergências entre os dois países sobre o volume e segmentos da indústria brasileira que estão sendo prejudicados pelas barreiras argentinas. “Não é que existam divergências, mas as estatísticas, às vezes, não são apuradas de maneira iguais”, justificou.
“No que diz respeito ao licenciamento não automático de importações, as partes avançaram nas negociações visando a liberar gradualmente as licenças pendentes”, disseram as notas divulgadas à imprensa pelos dois ministérios. Os comunicados também afirmaram que “os dois governos fortalecerão ações com vistas a promover o desenvolvimento produtivo integrado e definirão uma agenda de trabalho para temas estruturais, com especial atenção a setores sensíveis estratégicos para economias dos dois países. Bianchi e Teixeira concordaram ainda em realizar reuniões mensais de monitoramento do comércio bilateral.