Brasil e Argentina intensificam relações

Em discurso na cidade argentina de Puerto Iguazú, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ressaltou que as relações entre o Brasil e a Argentina ?se intensificaram ainda mais no dia de hoje (ontem, 30)?, quando os dois governos firmaram cerca de 20 acordos, dentre eles, o que prevê a permissão para que brasileiros e argentinos morem e trabalhem no país vizinho.

Ao afirmar que o processo de integração começa com o cidadão, o presidente disse que esse acordo garante a igualdade de direitos civis, inclusive no que diz respeito ao trabalho. ?O espaço econômico que estamos criando vai além do fluxo de bens, serviços e investimentos. É um espaço de união que se completará quando estiver plenamente assegurada a livre circulação de pessoas. Por isso, estamos aumentando as facilidades de residência de brasileiros e argentinos, reciprocamente?, disse.

Ontem pela manhã, Lula participou, junto com presidente argentino Néstor Kirchner, da comemoração dos 20 anos do Dia da Amizade Brasil-Argentina. A data foi instituída em 1985 pelos ex-presidentes José Sarney (do Brasil) e Raúl Alfonsín (da Argentina), que também estavam presentes ao encontro.

O presidente disse, ainda, que o Brasil quer como parceira uma Argentina ?forte e confiante, guiada pela criatividade de sua gente e pela reconhecida vocação manufatureira e capacidade técnica de sua indústria?, disse, acrescentando que, mesmo nos momentos de divergências entre os dois países, o presidente argentino nunca deixou de acreditar que as duas nações pudessem fortalecer sua integração.

Lula também destacou a importância de a Argentina e o Brasil se empenharem na elaboração de projetos partilhados de desenvolvimento regional, buscando a cooperação pacífica e o diálogo permanente. Ele lembrou que o fortalecimento da integração entre os dois países faz parte dos objetivos de ambos os governos.

O ex-vice-presidente da Argentina Carlos ?Chacho? Álvarez será o novo presidente da Comissão de Representantes Permanentes do Mercosul, substituindo o atual ocupante desse posto, ex-presidente provisório da República, Eduardo Duhalde. 

Saída de Lavagna preocupa empresários brasileiros

A saída de Roberto Lavagna e a escolha da nova ministra da Economia Argentina, Felisa Miceli, deixou empresários brasileiros cautelosos sobre o futuro das negociações entre os países. A principal preocupação dos empresários diz respeito à proposta de mecanismo automático de salvaguardas (barreiras comerciais) entre os dois países, conhecida como CAC (Cláusula de Adaptação Competitiva).

Pela CAC, quando se detectar que um setor foi ?afetado? pela invasão de produtos do vizinho, automaticamente o país importador poderá adotar medidas restritivas, como o aumento de imposto.

O diretor do Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior da Fiesp, Roberto Giannetti da Fonseca, disse que pouca coisa muda com Miceli. ?É a mesma coisa. Mas com certeza não vai ser tão ruim quanto o ministro (Domingo) Cavallo?, disse.

Segundo Gianetti da Fonseca, independentemente de Miceli, caberá ao governo brasileiro ter uma postura mais dura nas negociações com os argentinos. ?É esperar para saber se o governo brasileiro não cometerá nenhuma heresia.?

Entre os pontos que o governo brasileiro deve bater o pé, segundo ele, estão garantir que o mecanismo seja bilateral, ou seja, que os dois países possam optar pela forma de adoção da salvaguarda e estabelecer um prazo determinado para a vigência da CAC.

Elcio Jacometti, presidente da Abicalçados, também preferiu a cautela em relação à mudança no primeiro escalão argentino. ?Ela é cria do Lavagna. É melhor esperar para ver?, disse, sem arriscar quais serão os rumos da CAC.

Já para os representantes dos fabricantes de brinquedos, a proposta de salvaguardas perde força sem seu principal articulador. Segundo Synésio Batista da Costa, presidente da Abrinq (Associação dos Fabricantes Brasileiros de Brinquedos), o mecanismo pode nem sair do papel sem Lavagna. ?Acho que vai sair da agenda?, afirma.

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