A tartaruga e a lebre. Essa é a comparação que a revista americana The Economist faz entre as economias do Brasil e da Argentina, respectivamente. A referência pode parecer desfavorável ao País em um primeiro momento, mas na verdade a revista levanta um debate: por que a "marota" Argentina segue crescendo 9% enquanto o "bem-comportado" Brasil não tem o mesmo resultado.
"É hora de reescrever os livros de economia?", questiona a edição desta semana. "Os argentinos gostariam de achar que sim. Mas há sinais de que o Brasil ainda pode passar à frente.
A revista lembra que o País adotou uma política ortodoxa, com câmbio flutuante e que passa pela aceitação dos investidores estrangeiros. Já a Argentina, se depara com fixação de preços, taxação de exportações e questionamentos sobre os índices de inflação oficiais.
A revista americana considera que os dois países recentemente divulgaram números fortes sobre a economia. O Produto Interno Bruto (PIB, a soma de todas as riquezas e bens produzidos em um país) no ano passado cresceu 8,7% na Argentina e 5,4% no Brasil. Mas a reação política foi diferente: o governo brasileiro mostrou preocupação com a inflação, enquanto o argentino viu o resultado como a justificativa de sua sabedoria. Conforme a The Economist, os políticos argentinos parecem "determinados em demonstrar que tudo que a América Latina precisa para crescer tão rápido quanto a China é rejeitar a camisa-de-força do neoliberalismo".
A revista cita os caminhos seguidos pelos dois países a partir das crises de 2001 e 2002 para mostrar "como dois líderes de esquerda podem adotar políticas tão diferentes". A Argentina abandonou o câmbio fixo, desvalorizou o peso e ficou inadimplente em seu endividamento público. "O Brasil respondeu à turbulência no mercado de câmbio e de títulos em 2002 com aperto fiscal e política monetária.
Para a revista, hoje o Brasil "está mais preparado do que pode parecer". Segundo a The Economist, em termos reais, a renda nacional começou a acompanhar a argentina. "O Brasil tem mais espaço de manobra se a perspectiva (para a economia) piorar. O país está livre para cortar os juros ou aumentar os gastos públicos", diz. "A Argentina, ao contrário, se colocou em posição para aterrissagem forçada. Qualquer queda na exportação pode prejudicar sua base fiscal e o banco central teria de emitir ainda mais dinheiro.