Londres – O Brasil ocupa a 26.ª posição em um novo ranking elaborado pela Agência Internacional de Energia (AIE), intitulado “Índice de Desenvolvimento Energético”. O estudo avalia a qualidade e quantidade dos serviços oferecidos pelo setor de energia de 75 países em desenvolvimento. O Brasil foi melhor classificado do que países como Chile, China e Índia, mas ficou atrás da Líbia, Venezuela, Argentina, Cuba e Iraque. O líder do IDE é Bahrain, seguido do Kuwait, Antilhas Holandesas, Cingapura e Brunei. A Etiópia é a lanterninha.

O IDE, que se baseou em dados de 2002, é calculado de uma maneira similar ao Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelas Nações Unidas, mas com foco na energia. A agência disse que criou o levantamento para “melhor entender o papel que a energia exerce sobre o desenvolvimento humano”. Ele deve ser usado como uma medida do progresso de um país ou região na sua transição para o uso de combustíveis modernos e do grau de maturidade de seu uso energético.

A AIE lembrou que seus estudos são usados como referência nas decisões que norteiam os investimentos diretos estrangeiros. Para a elaboração do IDE, foram levados em consideração três fatores de cada país: o consumo de energia per capita, o porcentual de energia comercial no total do uso energético, e a fatia da população com acesso a eletricidade.

Os autores do ranking observaram que países do Oriente Médio e da América Latina são, em geral, melhores classificados. Isso reflete seus elevados porcentuais de abastecimento de eletricidade e seu uso limitado de tradicionais biomassas. Em contrapartida, países africanos com baixas rendas familiares e taxas de eletrificação, estão entre os piores classificados. Segundo o estudo, embora o ranking do IDE seja muito similar ao do IDH, há algumas diferenças claras.

Os países produtores de petróleo são, em geral, muito melhor classificados no desenvolvimento energético do que no desenvolvimento humano. O IDE da Arábia Saudita, por exemplo, é melhor classificado do que o do Brasil. Mas o IDH saudita é inferior ao brasileiro. Os autores do estudo salientaram que a colocação dos países latino-americanos é, em geral, pior do que a obtida no IDH por causa do consumo de energia per capita muito baixo da região.

Brasil

A AIE prevê em seu relatório que a produção de eletricidade no Brasil cresça 3,1% ao ano até 2030. A dependência do país nas hidrelétricas, que respondiam por 83% da produção de energia em 2002, deve cair para 65%, dando espaço para o gás natural. “O desenvolvimento de novas hidrelétricas deve permanecer responsabilidade do governo já que os investidores privados não estão mostrando interesse em construir novas usinas”, afirma o levantamento. Quanto ao petróleo, a agência acha que o país se tornará auto-suficiente até 2010.

Estudo sobre conclusão de Angra III sai neste ano

Rio – O secretário-executivo do Ministério de Minas e Energia (MME), Maurício Tolmasquim, disse que o MME não estuda no momento a construção de novas usinas nucleares além da conclusão de Angra III. Segundo ele, até o fim do ano deve ser concluído o estudo sobre a retomada das obras de Angra III que será levado ao Conselho Nacional de Política Energética (CNPE) para que este tome a decisão final sobre o assunto.

O secretário de Política de Informática e Tecnologia do Ministério de Ciência e Tecnologia, Francelino Lamy de Miranda Grando, disse que o ministério defende o debate sobre a construção de usinas nucleares, mas ressalvou que não há nenhuma decisão concreta sobre a construção de novas unidades e sequer previsão de recursos para isso no orçamento. Tolmasquim e Grando participaram ontem do X Congresso Brasileiro de Energia. A discussão sobre as usinas nucleares foi esquentada pelo protesto do diretor das campanhas do Greenpeace no Brasil, Marcelo Furtado, que interrompeu o discurso que estava sendo feito pelo secretário de Energia, Indústria Naval e Petróleo, Wagner Victer, sobre o assunto.

continua após a publicidade

continua após a publicidade