Em um esforço para sustentar o comércio bilateral, Argentina e Brasil devem fechar nos próximos dias uma ampla proposta com alternativas para o financiamento das importações argentinas de produtos brasileiros. O assunto foi um dos temas tratados na sexta-feira, 14, em Buenos Aires, em encontro do ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Mauro Borges, com os ministros argentinos de Economia, Axel Kicillof, e de Indústria, Debora Giorgi.
O governo brasileiro tem buscado formas para mitigar as barreiras comerciais colocadas por Buenos Aires, o que tem levado a uma redução das exportações brasileiras ao País vizinho.
Um dos setores mais afetados é o automotivo. Algumas alternativas de financiamento foram apresentadas aos ministros argentinos. Depois de apresentar algumas soluções para facilitar o comércio, o Brasil, agora, aguarda uma posição da Argentina para implementar as medidas.
O governo brasileiro propõe, como antecipou o jornal o Estado de S. Paulo na semana passada, a ampliação das transações com pagamento em moeda local, o que permitiria fechar operações sem o uso de dólares e reduziria parte da pressão cambial sofrida pelos vizinhos. O sistema teria estrutura de garantia em dólares dos bancos centrais, o que daria a exportadores e importadores de ambos os lados a opção de pagar e receber em pesos ou reais por meio de uma instituição bancária.
A proposta, porém, tem resistência dentro do próprio governo brasileiro. Parte da equipe econômica é contra o Banco Central brasileiro dar garantias para os argentinos.
Crédito
O Brasil também está disposto a oferecer uma linha de crédito à exportação de até US$ 2 bilhões. As operações teriam prazo de três meses, renovação automática, mas sem garantia do Tesouro brasileiro.
A Argentina é um dos principais mercados de exportações brasileiras de manufaturados e o comércio bilateral tem sido reduzido com as barreiras impostas por Buenos Aires e a crise econômica no País vizinho.
No primeiro bimestre deste ano, as exportações do Brasil para a Argentina recuaram 16% em relação ao mesmo período do ano passado, principalmente de automóveis de passageiros. As importações feitas pelo Brasil do sócio do Mercosul tiveram um recuo ainda maior no período: 26,9%.
União Europeia
Mauro Borges também apresentou ao governo Kirchner uma proposta de oferta comum nas negociações entre o Mercosul e a União Europeia (UE) para a criação de uma área de livre comércio.
O Brasil acredita que uma oferta conjunta do Mercosul vai fortalecer a posição do bloco nas negociações. Na próxima sexta-feira, está prevista a realização de uma reunião técnica para amarrar a proposta do Mercosul. A ideia é fazer a troca de ofertas com a UE em abril.
Iniciado em 2000 e interrompido em 2006 por falta de avanço, o acordo de livre-comércio Mercosul-UE voltou à pauta no ano passado. Havia, no entanto, uma dúvida entre os negociadores brasileiros se seria possível fechar uma proposta conjunta do Mercosul em razão das dificuldades internas enfrentadas pela Argentina.
Desde então, o Brasil tenta costurar com o governo argentino a harmonização de uma proposta única do bloco a ser levada aos europeus. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.