O Brasil dá sinais de que pode fazer concessões na Rodada Doha de comércio multilateral, mas não consegue convencer seus parceiros entre os países emergentes, principalmente a Índia, a seguir a mesma linha. O processo na Organização Mundial do Comércio (OMC) e as próprias alianças entre o Brasil e as economias emergentes estão por um fio diante dos impasses.
O Itamaraty indicou que poderia adotar uma nova posição de abertura de seu mercado para bens industriais, ainda que modesta. O problema é que a Índia e a Argentina rejeitam, por enquanto, fazer concessões. O Itamaraty ainda sabe que não pode demonstrar um racha entre os emergentes nesse momento e o ministro das Relações Exteriores, o chanceler Celso Amorim, chega a sair da sala de reunião cada vez que há um ponto de discórdia com a Índia para não se expor. Mas as diferenças são claras. Quinta-feira (24), americanos e europeus continuaram pressionando os emergentes por maior acesso a seus mercados para bens industriais. A reunião entre China, Brasil, Índia, Estados Unidos, Europa, Japão e Austrália entrou pelo quarto dia e não conseguiu superar o impasse de sete anos. A aposta de todos é que o encontro desta sexta será decisivo.
Lançada em 2001 como forma de corrigir as distorções no comércio internacional, a Rodada Doha ganhava contornos políticos na quinta. Diante da relutância da Índia em aceitar qualquer tipo de acordo a Casa Branca decidiu colocar pressão total. O presidente americano George W. Bush ligou para o primeiro-ministro da Índia Manmohan Singh, alertando para os riscos de um fracasso. Em um encontro reservado na quinta, Amorim e a representante de Comércio da Casa Branca, Susan Schwab, concordaram que os indianos estavam dificultando um acordo. “Todos terão de fazer concessões tanto os que têm interesses ofensivos como os que têm interesses defensivos”, afirmou o chanceler. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.