O desempenho da economia do Brasil no primeiro trimestre do ano na comparação com o mesmo período de 2013 (1,9%) ficou abaixo do obtido pelos países que sofreram recentemente impactos da crise econômica, como os Estados Unidos (2,3%). Além disso, a alta do Produto Interno Bruto (PIB) foi maior apenas do que a de nações que ainda tentam se recuperar dos efeitos das turbulências globais, como Espanha (0,6%), Portugal (1,2%) e Itália (-0,5%), destaca o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.
O resultado também foi superior ao da Rússia (0,9%), que passa por uma crise com a Ucrânia, e próximo ao do México (1,8%), que atravessa um momento de readequação. “Após a crise de 2008, o México mudou a sua estratégia para depender menos dos Estados Unidos e garantir um crescimento estável a longo prazo. O país está abrindo mão de um crescimento maior para ter mais estabilidade no futuro”, afirmou Agostini.
No grupo dos Brics, o País ficou atrás da China (7,4%) e Índia (4,6%), mas superou a África do Sul (1,6%) e a Rússia (0,9%). O levantamento foi elaborado pela Austin Rating, com base em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), dos bancos centrais dos Países, da Eurostat (agência estatística da União Europeia), do OECD (Organização para Desenvolvimento Econômico) e do Banco Mundial. O dado da Índia foi incluído pela reportagem.
A respeito do desempenho do País, o economista-chefe diz que o baixo crescimento sem a influência direta de uma crise mostra que “há um problema crônico, de caráter doméstico, relacionado à condução da política econômica”. O especialista destaca que o País apresenta um cenário de pouca atração para os investidores, com deficiências estruturais, burocráticas e econômicas. Entre os exemplos, cita a onerosidade e alto custo para abertura e fechamento de empresas, a elevada carga tributária e a infraestrutura logística. “O Brasil não cresce porque as suas deficiências não são atacadas de forma direta. É preciso aumentar a competitividade.”
O ranking mostra ainda que o Brasil cresceu nos três primeiros meses de 2014 na comparação anual menos do que Peru (4,8%), Coreia do Sul (4%), Japão (3%), Chile (2,6%) e Alemanha (2,3%). Já entre as nações que apresentaram desempenho inferior estão França (0,8%) e Grécia (-1,1%).