Pelo sexto ano consecutivo, o Brasil perdeu posição no ranking das economias mais competitivas no mundo. Entre 61 nações analisadas, o País passou a ocupar o 57º lugar na lista do World Competitiveness Yearbook, anuário da escola de negócios suíça IMD publicado desde 1989. No ano passado, ocupava o 56º lugar no ranking.
Com isso, a eficiência da economia brasileira para o desenvolvimento de negócios só é melhor que a da Croácia, da Ucrânia, da Mongólia e da Venezuela, últimos no ranking. Mesmo tendo perdido seis posições do anuário do ano passado para cá, a Grécia (56º lugar) segue tendo um ambiente mais propício para a iniciativa privada.
A Argentina (55º) também subiu quatro posições e, com isso, ficou melhor que o Brasil na lista.
Pela metodologia do IMD, todos os países são analisados em quatro dimensões, que são as seguintes: Desempenho da Economia, Eficiência do Governo, Eficiência Empresarial e Infraestrutura. Nessa análise, são utilizados dados públicos de organismos internacionais e também pesquisa de campo com escolas de negócios parceiras. No caso do Brasil, o parceiro é a Fundação Dom Cabral.
Em entrevista ao Broadcast (serviço de notícias em tempo real da Agência Estado), o diretor do Centro de Competitividade Mundial do IMD, responsável pela pesquisa, Arturo Bris, explicou que o Brasil está pior classificado do que a Argentina e a Grécia, além de manter distância de grandes parceiros, por ter a pior “eficiência governamental” entre os 61 países. “Além disso, o Brasil tem deficiências na infraestrutura, ao contrário da Rússia; em inovação, ao contrário da Índia; na confiabilidade do governo, ao contrário da África do Sul”, afirmou Bris.
Ele avaliou que o governo brasileiro perdeu a oportunidade de realizar as “grandes reformas que são necessárias em um momento em que o crescimento econômico era estelar”. “Agora é muito tarde”, disse.
O diretor do IMD afirmou ainda que o processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff influenciou “enormemente” o resultado de 2016. “As perspectivas dos executivos, no caso do Brasil, o pessimismo, têm um grande peso nos nossos rankings”, disse. Além da corrupção, Bris destacou que prejudicam a visão sobre o País a falta de políticas claras, consenso social e as reformas apropriadas que irão garantir qualidade de vida, segurança no mercado de trabalho e prosperidade para os brasileiros.
Rebaixamento dos EUA
No topo do ranking das economias mais competitivas do mundo, houve algumas mudanças. Os Estados Unidos perderam o primeiro lugar para Hong Kong e passaram a ocupar o terceiro lugar no ranking do IMD. O segundo colocado é a Suíça, que avançou quatro posições em 2016. Cingapura continua no topo, apesar de ter descido do terceiro lugar em 2015 para o quarto neste ano. E a Suécia voltou para o Top 5 em 2016, ao sair da nona posição no ano passado para o quinto lugar neste ano.
Um grande insight que a pesquisa trouxe, segundo Bris, foi a perda de dinamismo da América Latina. Ele destacou ainda o grau de importância da China no contexto asiático, visto que todas as economias da região analisadas pelo IMD, exceto a Tailândia e Hong Kong, perderam posições no ranking. A segunda maior economia do mundo caiu três degraus, passando a ocupar o 25º lugar no ranking de competitividade.
A situação da economia chinesa, aliás, está entre os maiores riscos para os investidores, de acordo com Bris. Além disso, ele citou a evolução dos preços das commodities e a interconectividade entre companhias e nações.
Outras descobertas, continuou Bris, foram a “relevância de boas políticas”, o que se refletiu na melhora de países do Leste Europeu, e a necessidade de políticas estáveis e nova infraestrutura nos EUA. “Os Estados Unidos caíram a uma situação de complacência”, afirmou.