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Foto: Arquivo/O Estado

População brasileira está perdendo competitividade.

O Brasil caiu da 57.ª para a 66.ª colocação no Índice de Competitividade Global 2006-2007 do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), ficando abaixo dos demais países que compõem o grupo BRIC – Rússia, Índia e China – e de vários outros importantes mercados emergentes. A queda do Brasil, segundo o economista-chefe do WEF, Augusto Lopez-Claros, se deve principalmente a seu fraco desempenho em dois dos nove ?pilares? de critérios do ranking: fatores macroeconômicos e institucionais.

A Suíça foi considerada o país mais competitivo entre os 125 avaliados pelo estudo. Finlândia, Suécia, Dinamarca, Cingapura, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Holanda e Reino Unido completam o grupo dos dez melhores colocados. Os Estados Unidos caíram do primeiro lugar na edição do ano passado para sexto neste ano.

Entre os grandes países emergentes, a Índia ocupa a 43.ª posição, África do Sul, 45.ª, China, 54.ª, México, 58.ª, e Rússia, 62.ª. Na América do Sul, o Chile é o melhor posicionado, no 27.ª lugar. Até a competitividade da Colômbia, 65.ª, supera a do Brasil. A Argentina está logo atrás, na 69.ª posição.

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Lopez-Claros destacou o déficit público brasileiro no ano passado, que ficou em 3,3% do PIB, o que fez com que o País caísse da 68.ª para a 83.ª posição nesse critério. ?Isso pode parecer estranho para um brasileiro, que percebe uma nítida melhora das finanças do País nos últimos anos?, disse Lopez-Claros. ?Mas o problema é que nosso levantamento faz uma comparação entre outros países e muitos deles melhoraram mais do que o Brasil nessa área.? Ele explicou situações como instituições, como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que atestam a melhora dos fundamentos da economia brasileira, ?Elas não estão estabelecendo uma comparação com outros países, como o Chile, por exemplo, mas com o passado do próprio Brasil.?

Segundo Lopez-Claros, o Brasil também registra um crescente nível de endividamento público. ?Ao longo do tempo, a menos que a economia cresça rapidamente, o que não está acontecendo, o nível de endividamento deve aumentar?, disse. Segundo ele, o alto volume de dívida do governo e um spread grande na taxa de juros indicam um alto custo de intermediação no setor bancário brasileiro, que gera efeitos negativos sobre investimentos no setor privado e contribui para menor crescimento econômico. O economista também mencionou a inflação ?muito alta? do Brasil no ano passado, que o posicionou na 83.ª posição nesse critério.

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Lopez-Claros explicou que no critério relacionado às instituições, que avalia dados como o direito à propriedade, confiança nos políticos, polícia e Justiça, além da corrupção, o Brasil ocupa a 91.ª posição. ?As recentes notícias que chegam do Brasil, como por exemplo as recentes informações sobre o número de parlamentares sob investigação criminal, não ajudam a imagem do País?, disse.

O Brasil, segundo Lopez-Claros, possuiu uma série de características que oferecem a perspectiva potencial de maior crescimento econômico e melhora das condições sociais nas próximas décadas. ?Trata-se de um país com uma tendência demográfica positiva, com uma população jovem que vai engrossar a massa de consumidores, uma economia sofisticada e que atrai substanciais investimentos diretos estrangeiros?, disse. ?Sou mais otimista com o Brasil do que por exemplo com a Rússia, cujos níveis de corrupção são endêmicos, a população está encolhendo e a economia depende principalmente do petróleo.?

Ministro questiona índice e diz que conceito melhorou

São Paulo (AE) – O ministro da Fazenda, Guido Mantega, questionou ontem o resultado do Índice de Competitividade do Fórum Econômico Mundial, em que o Brasil perde nove posições em relação à pesquisa anterior. Mantega disse que não viu o cenário traçado pelo levantamento, mas afirmou que tem conversado com investidores estrangeiros, inclusive na semana passada, em Cingapura (durante reunião do Fundo Monetário Internacional) e todos têm o melhor conceito sobre o Brasil.

De acordo com o ministro, os investidores consideram a economia brasileira sólida e crescente, e favorecendo o investimento externo. ?Há uma discrepância entre a avaliação do fórum e o que o mercado entende do Brasil?, afirmou.

Mantega reiterou que as agências de classificação têm melhorado a avaliação do Brasil, e que, somente neste ano, três das maiores dessas instituições melhoraram a avaliação brasileira. ?O Brasil nunca foi tão bem avaliado, portanto, não sei de onde o fórum tirou esses dados?, disse, logo após almoço com empresários promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais.

TJLP

O ministro da Fazenda disse, ainda, que, dentro da política de redução das taxas básicas de juros e de spread conduzida pelo governo, a TJLP poderá baixar ainda mais na reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), que será realizada hoje.

 Mantega afirmou que é natural que as despesas de governo cresçam um pouco em ano eleitoral, mas garantiu que a situação fiscal está sob controle e que o governo busca reduzir os gastos para manter a diminuição gradual da relação dívida/PIB.

?Os juros continuarão caindo e temos condição de continuar a reduzir essa relação.? O comentário do ministro foi feito em referência ao corte de R$ 1,6 bilhão que o governo anunciou ontem no relatório enviado ao Congresso para cumprimento da meta de superávit primário de 4,25%.