Brasil cai para 5.º no ranking de juro real

O ciclo de redução da taxa básica de juros (Selic, hoje em 9,25% ao ano), iniciada em janeiro pelo Comitê de Política Monetária (Copom), tem afastado cada vez mais o Brasil da liderança do ranking dos maiores pagadores de juros do mundo. Hoje, independentemente do tamanho do corte a ser anunciado pelos diretores do Banco Central (BC), o Brasil cairá da 3º para a 5º colocação na lista dos maiores juros reais (descontada a inflação projetada para os próximos 12 meses) do mundo, segundo levantamento da consultoria UP Trend.

Na hipótese de o Copom cotar 0,5 ponto porcentual, que é a aposta majoritária dos analistas do mercado financeiro, a taxa real cairá para 4,4% ao ano. Se o recuo for mais modesto, de 0,25 ponto, a taxa ficará em 4,7%. Ainda assim, será 0,1 ponto porcentual menor que o da Argentina, a quarta colocada no ranking geral. Mesmo se o BC for mais agressivo e cortar 1 ponto porcentual, o País continuará na quinta colocação, já que a taxa do sexto colocado (Taiwan) é 3,3% ao ano, destaca o economista da UP Trend, Jason Vieira, responsável pelo levantamento.

A posição brasileira é considerada inédita, especialmente se for considerado o atual cenário econômico de inflação baixa. “Em outras épocas, como em 2003, tivemos juros reais na casa de 5%, mas era resultado de uma Selic superior a 20% ao ano e índices de preços elevados”, diz o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini. Na avaliação dele, o principal benefício do recuo dos juros reais é o desenvolvimento do mercado de capitais, com o aumento da participação dos títulos corporativos (como ações, debêntures e fundos de recebíveis) no País. “Foi isso que vimos ocorrer em nações desenvolvidas e industrializadas”, argumenta Agostini. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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