Presidente Lula quer política
“mais afinada” no continente.

O Brasil vai se consolidar como líder da América do Sul. O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), deixou clara esta posição ontem, durante a posse do novo diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek (PT), em Curitiba. Lula chegou a lembrar que não compareceu a nenhuma posse de seus ministros. Mas a visita ao Paraná só aconteceu, segundo o presidente, devido ao exemplo de trabalho de cooperação existente entre Brasil e Paraguai e ao prestígio que o novo diretor-geral da empresa goza perante ao governo Federal.

“Estou aqui menos pela energia produzida, menos pelo tamanho do Lago de Itaipu, menos pela grandeza da hidrelétrica e mais porque estou convencido que no passado o Brasil poderia ter exercido uma política mais afinada com a América do Sul”, afirmou, destacando que está situação mudará.

Lula lembrou que, devido à própria colonização européia, a elite do País acabava nascendo e morrendo olhando apenas para o chamado primeiro mundo. Neste erro de objetivo, Lula enquadrou inclusive a classe em que militou por muito tempo. “Até nós sindicalistas conhecemos vários países europeus antes, para somente depois ir a Montevidéu ou Buenos Aires”, criticou. Lula afirmou que sua primeira viagem como presidente eleito foi justamente a Buenos Aires para simbolizar o compromisso de esforço pelo fortalecimento do Mercosul. “Não queremos que seja apenas um elo só econômico, mas sim de uma integração efetiva social, política e cultural”, analisou.

O presidente salientou que em encontros com chefes de Estado de vários países houve quase que uma exigência de que o Brasil, por sua importância dentro do continente, lidere o bloco. “Vamos assumir esta responsabilidade de ser líder. Mas não um líder que transforma os outros em subservientes e sim um líder que é parceiro, que elabora projetos juntos e pensa no desenvolvimento do grupo”, disse o presidente, destacando que quem tem a capacidade de construir e gerenciar uma hidrelétrica como Itaipu não pode aceitar ser chamado de 3.º mundo e deve se colocar no mesmo patamar dos outros países em qualquer disputa.

Apoio

O presidente foi enfático em elogiar o apoio, o comportamento da população. Lula disse que nesses primeiros dias apenas recebeu apoio e não cobranças por parte do povo. Ele reiterou que não negará nenhum de seus ideais. Lula disse que é o momento mais importante da história republicana do Brasil. Conforme o presidente, cada brasileiro deve assumir o compromisso de ajudar a reconstruir nosso País. “Nós vamos mudar este País”, reiterou o presidente.

Energia para ajudar o País

O novo diretor-geral da Itaipu Binacional, Jorge Samek (PT), em seu discurso de posse voltou a salientar a função social que a empresa terá. Afinado com os discursos do presidente Lula e do governador Roberto Requião (PMDB), Samek disse que a empresa terá atenção especial ao turismo, à piscicultura e fará parceria com prefeituras vizinhas para o desenvolvimento da agricultura agroecológica. “Vamos gerar empregos, dar atenção redobrada à conservação ambiental e ajudar o País na retomada do desenvolvimento econômico, já que somos responsáveis por grande parte do superávit fiscal do orçamento da União”, destacou.

A ministra de Minas e Energia, Dilma Rousseff, disse que Itaipu é importante também por gerar energia para todo País, atingindo até regiões distantes, como o Norte e o Nordeste.

O governador Requião também seguiu a linha de mudanças no setor energético. “Estamos criando no Paraná, com a Copel e a Itaipu, um novo modelo de transmissão, distribuição e geração de energia. Acabou a época das privatizações e horizontalizações inconseqüentes”, salientou.

Selic

Discretamente o presidente Lula comentou o aumento da taxa básica de juros (Selic). Sem citar nominalmente o problema, Lula comparou o País a um filho que está febril. “Podemos mudar de médico, mas se nesse período em que ele está trocando de médico voltar a sentir mal, teremos que usar o mesmo remédio prescrito pelo médico anterior”, comparou. (LM)

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