Buenos Aires (AE) – O ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior do Brasil, Luiz Fernando Furlan, assinou ontem com a ministra de Economia da Argentina, Felisa Micelli, um novo acordo que estabelece regras para o comércio bilateral de automóveis. A medida está prevista para entrar em vigor no dia 1.º de julho e seguirá até 30 de junho de 2008. A ministra argentina comentou que ?o acordo favorece os dois países, porque permite equilibrar o intercâmbio comercial?. Segundo ela, ?para a indústria em seu conjunto, este acordo representa um marco de previsibilidade que permite desenvolver novos investimentos?.
Felisa Micelli ressaltou que ?especificamente para a Argentina este acordo possibilitará rearmar a indústria de autopeças, que foi tão golpeada nos anos anteriores?.
O ministro brasileiro se mostrou satisfeito com o novo acordo, mas espera que se possa discutir o início do livre comércio ao final dessa medida.
Vitória argentina
O novo acordo vai regularizar o comércio bilateral de automóveis por um período de dois anos. Mais uma vez, a Argentina ganhou a queda de braço com o Brasil em uma negociação comercial e impôs sua vontade. Pelo acordo, os brasileiros terão de comprar mais automóveis argentinos.
O Brasil também cedeu ao não fixar no acordo a data para o início do livre comércio entre os dois países. Os negociadores brasileiros, em sintonia com os executivos da indústria automobilística, estavam convencidos de que o melhor para o setor era estabelecer uma data para a entrada do livre comércio.
O Brasil conseguiu que se mantenha até o final do ano, a redução de 40% da tarifa externa comum para importações (de fora do Mercosul) de autopeças. Para o ministro Furlan, o acordo só foi possível graças ao clima de ?distensão? entre ambos países.
O ministro Furlan negou, porém, que o Brasil tenha cedido nas negociações com a Argentina para fixar as novas regras do comércio bilateral de automóveis.
?O que nós estamos vendo hoje é uma regularização da economia dos dois países, onde já desapareceram as razões que levaram às modificações do passado, quando a Argentina pediu que alargasse o flex, que era uma maneira de dar vazão aos veículos que o mercado interno deles não absorvia?, argumentou o ministro, referindo-se à redução do flex (coeficiente de desvio sobre as exportações) de US$ 2,6 para US$ 1,95, podendo chegar a US$ 2,1.