Foto: Arquivo/O Estado

 Levy: a economia brasileira avançou nos últimos tempos, aumentando sua eficiência.

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O jornal Financial Times publicou ontem reportagem sobre a aspiração do governo brasileiro de obter a classificação de ?grau de investimento? conferida pelas agências de risco. O secretário do Tesouro, Joaquim Levy, disse ao jornal que a economia brasileira avançou nos últimos tempos, aumentando sua eficiência. Segundo o diário, Levy tem ?uma lista de razões? mostrando que o Brasil merece uma classificação superior à atual.

Entretanto, observa o FT, as agências de risco igualmente afirmam que têm fortes razões para manter o Brasil como crédito especulativo. Segundo elas, embora os indicadores econômicos do País devam apresentar uma contínua melhora, barreiras políticas vão restringir o espaço para uma elevação da sua nota num futuro próximo

O FT observa que a melhora no perfil da dívida brasileira tem sido dramático. A porção da dívida pública atrelada ao câmbio caiu de 40% do Produto Interno Bruto (PIB), em 2002, para 4% e, segundo Levy, isso significa que a vulnerabilidade do País a choques cambiais externos nesse ponto específico, é hoje, um quinto do que antes.

Ao mesmo tempo, houve um rápido crescimento no volume da emissão de dívida pública prefixada, reduzindo a vulnerabilidade do País a fortes altas nas taxas de juros. Há dois anos, apenas 2% da dívida pública era prefixada. Hoje, esse volume aumentou para 25% e Levy afirma que até o final de 2007 a proporção superará 50%. Além disso, a dívida pública líquida caiu de 55,5% do PIB, há três anos, para 50,3%, a inflação está sob controle e o País acumula um superávit em conta corrente ancorado nas fortes exportações.

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Segundo o FT, tudo isso foi reconhecido pelas agências de risco. Neste mês, a Moody?s elevou a nota soberana brasileira e a Fitch melhorou a perspectiva da sua avaliação conferida ao País para ?positiva?. Apenas a Standard & Poor?s, que elevou a nota do Brasil em setembro de 2004, permaneceu quieta.

O FT observa que os investidores, ignorando a ausência de uma nota de ?grau de investimento?, têm corrido para comprar ativos brasileiros. A demanda pelo primeiro bônus externo denominado em reais emitido pelo País em setembro foi de US$ 7 bilhões. ?É uma maneira para fazer uma variedade mais ampla de investidores em conhecer o mercado?, disse Levy. ?Alguns investidores têm muito o que aprender, então começamos a fazer isso pela maneira fácil, emitindo bônus, lá fora, em reais?, disse.

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Esse bônus de 10 anos é uma extensão da curva de yeld doméstica do Brasil, que anteriormente se estendia até sete anos. Levy admite que há ainda dificuldade para muitos estrangeiros investirem na dívida pública brasileira. Levy observa que o governo está se esforçando para facilitar esse acesso. O processo para se obter uma licença para investir está sendo padronizado.

O FT observa que todas essas iniciativas são elogiadas pelas agências de risco, entre elas a Standard & Poor?s, que observa, no entanto, que o Brasil ainda tem um bom caminho a percorrer para se equiparar a países com grau de investimento, como o México. ?O México pode vender um papel de 20 anos com taxa prefixada?, disse Lisa Schineller, analista da Standard & Poor?s. ?Em termos de liquidez da maturidade, não há dúvida de que se gostaria de ver mais do Brasil?, afirmou.

Outra preocupação é que, embora a fatia vinculada ao câmbio tenha caído, mais da metade da dívida pública permanece ligada aos juros, o que significa que a vulnerabilidade aos choques continua.