O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deve crescer 3,8% este ano, 4% no ano que vem, talvez repita o mesmo índice em 2006 e depois deverá se estabilizar. A previsão é do economista-chefe do Banco Bradesco, Octávio de Barros, que esteve ontem em Curitiba ministrando palestra a empresários clientes do banco e algumas autoridades locais. O evento aconteceu no Hotel Bourbon.
?Não considero nenhum grande desafio o Brasil crescer este ano e no ano que vem. O que vejo como desafio complicado e difícil de ser alcançado é crescer mais do que isso nos próximos anos?, afirmou Barros. Segundo ele, o crescimento nos anos posteriores só será possível com a implantação de reformas microeconômicas que reduzam a informalidade. ?O mercado informal apresenta produtividade muito baixa.
E quanto mais informal a economia, menor a capacidade de crescer.? Para ele, a reforma tributária – que implica em redução do gasto público – , e iniciativas que ampliem a previsibilidade de agentes econômicos seriam saídas capazes de reduzir a economia informal.
Recuperação generalizada
Segundo Barros, a previsão de crescimento de 3,8% este ano e 4% no ano que vem é baseada não apenas nas exportações, mas na recuperação generalizada do mercado interno. ?O crescimento passará a ser mais percebido no segundo semestre.
Hoje há índices sugerindo a recuperação cíclica – como o desemprego que começou a cair na Grande São Paulo, conforme divulgação de fontes seguras esta semana – , mas o cidadão comum está sentindo os efeitos apenas marginalmente?, falou.
Ainda sobre as exportações, Barros salientou que este ano o Brasil deve exportar quase 22% a mais em relação ao ano passado, quando o crescimento já havia sido de 21%. ?É um megacrescimento sobre outro megacrescimento. As exportações tornaram a atividade rentável e grandes empresas, tanto do agribusiness como os industriais, estão encontrando nas exportações um porto seguro?, afirmou.
Para ele, a taxa de câmbio é um dos fatores que tem contribuído para o bom cenário. ?A taxa de câmbio está bastante depreciada. Estamos em um momento muito favorável e é possível ganhar dinheiro exportando?, disse. Barros afirmou acreditar na estabilidade da taxa de câmbio no segundo semestre. ?Deve fechar em R$ 3,10 este ano e, no final do ano que vem, em R$ 3,25?, apontou.
Taxa de juros
Com relação à taxa de juros, Barros disse não prever qualquer redução até janeiro de 2005. A taxa básica de juros está em 16%. Apesar disso, acredita que não haverá prejuízo à atividade econômica. ?Não há espaço para reduzir mais, especialmente pelas questões inflacionárias. Uma redução poderia sugerir não só aumento de demanda como variação no custo.? Para 2005, a expectativa é que a taxa Selic feche em 13,5%, ?o que significa, na prática, taxa real de juros em torno de 8%?.
Já a balança comercial, prevê Barros, deverá ser de US$ 30 bilhões este ano, contra US$ 24,8 bilhões no ano passado. ?A economia está crescendo 3,8% e ao mesmo tempo aumentando o saldo da balança comercial. É algo inédito no País nos últimos anos?, analisou. Apesar das previsões, Barros não se considera um otimista. ?Tenho uma visão positiva, mas não quero de forma alguma desprezar as incertezas. Não acredito, por exemplo, que o País possa crescer de forma sustentada em 5% ou 5,5% sem antes haver mudanças?, arrematou.
