economia

Bradesco resgata a Ágora para brigar com a XP

Um mês antes de uma das aberturas de capital mais aguardadas pelo mercado, a da XP Investimentos, o Bradesco “ressuscitou” a corretora Ágora, que passará a concentrar os clientes de varejo do banco. A reestruturação, que deve ser concluída no início de 2020, ocorre em meio à corrida das pessoas físicas para ativos de maior risco, enquanto a renda fixa fica menos atrativa com a taxa básica de juros na mínima histórica.

Na mudança promovida pelo banco, a ideia é deixar “dentro de casa”, ou seja, na Bradesco Corretora, os investidores institucionais como fundos de pensão. Em paralelo, a Ágora assumirá, em até 120 dias, as operações dos clientes pessoas físicas, incluindo o segmento de alta renda e pequenas empresas.

O movimento do Bradesco ocorre 11 anos após a compra da Ágora. Desde então, o negócio não teve seu potencial explorado, o que sustentou uma visão no mercado de que o banco comprou o negócio em uma estratégia defensiva.

A “nova” Ágora nasce como uma plataforma aberta de investimentos. Têm mais de 800 mil clientes, sendo 150 mil ativos, e cerca de R$ 50 bilhões em ativos sob custódia – é a terceira maior corretora do País, com 16% de market share no segmento de renda variável. Além disso, será a corretora dos cerca de 1,5 milhão dos correntistas do banco digital Next e do recém-adquirido BAC, na Flórida, que será o braço internacional da corretora.

Meta

A ideia do Bradesco é abocanhar um terço do mercado de varejo de renda variável em até três anos, encostando nos rivais Itaú Unibanco, com 17%, e XP, na liderança com cerca de 50%. “Não temos obsessão pela liderança, mas queremos encurtar a distância”, disse o vice-presidente do Bradesco, Cassiano Scarpelli.

Ele rebate críticas de que o movimento tenha sido tardio. “Já entramos em outros segmentos de forma tardia, como em custódia, e cinco anos depois éramos líderes. É um desafio, mas acho que nascemos bem.”

O Itaú Unibanco comprou há dois anos 49% da XP, após assinar um cheque considerado alto na época. O preço, porém, hoje é apontado como baixo tendo em vista que a companhia pode estrear na bolsa Nasdaq, nos EUA, com valor acima de R$ 60 bilhões. Já o Santander Brasil apostou em uma plataforma própria, a Pi Investimentos.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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