A indústria brasileira de papel e celulose defenderá no México, a partir da próxima semana, que as florestas plantadas brasileiras sejam passíveis da geração de créditos de carbonos, a serem negociados futuramente. A iniciativa deverá ser encabeçada pela presidente da Associação Brasileira de Celulose e Papel (Bracelpa), Elizabeth de Carvalhaes, que abordou o tema durante vários momentos na abertura do 5º Congresso da Consultoria Risi realizado em São Paulo sobre as perspectivas de celulose e papel na América Latina. “Advogamos e defendemos esse tema e teremos esse foco em Cancún porque não é possível que, em um cenário premente de melhoria climática, a floresta que absorve dióxido de carbono seja ignorada”, afirmou.

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Elizabeth participará da conferência climática da Organização das Nações Unidas (ONU) que será realizada entre 29 de novembro e 10 de dezembro em Cancún, no México, e destacará a contribuição das florestas plantadas para o meio ambiente global. “Para cada tonelada de CO2 jogado na atmosfera no processo industrial, a floresta absorve quatro toneladas”, destaca, dimensionando a importância dessas áreas.

O objetivo da indústria brasileira é mudar o conceito existente mundialmente de que apenas iniciativas que resultem na redução das emissões de poluentes sejam passíveis à geração de crédito de carbono. Esse conceito impede fabricantes brasileiros de setores como a indústria de papel e celulose de gerar créditos de carbono a partir dos milhões de hectares de florestas plantadas que abastecem o setor. “É um absurdo que hoje todo o crédito de carbono seja dado só para quem reduz emissão, e não para quem sequestra esses poluentes”, reforçou o presidente da Suzano Papel e Celulose, Antonio Maciel Neto, também presente no evento.

O primeiro projeto brasileiro de plantação de florestas aprovado Conselho Executivo do Mecanismo de Desenvolvimento Limpo do Protocolo de Kyoto, órgão das Nações Unidas responsável pela aprovação de projetos de créditos de carbono, foi idealizado pela Plantar Carbon, braço do grupo mineiro Plantar, e envolve o reflorestamento de uma área de aproximadamente 11 mil hectares, na região de Curvelo (MG).

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A iniciativa, entretanto, não representa um avanço significativo da ONU nessa direção. Isso porque o aval para a geração de crédito de carbono foi dado com base no entendimento de que a base florestal formada em Minas Gerais visa atender a demanda do setor siderúrgico por carvão vegetal renovável. Ou seja, a iniciativa representa uma redução da emissão de poluentes, e por isso pode gerar crédito de carbono, não tendo assim qualquer relação com o sequestro de carbono, conforme defende a indústria brasileira de papel e celulose.

Para Maciel, a medida pode ser considerada uma receita do “lado certo”, ou seja, em benefício das empresas que contribuem para melhorias do meio ambiente. Elizabeth, por sua vez, destaca que a decisão de levar o tema para Cancún, onde ocorrerá o evento que está sendo chamado de COP-16, não é apenas financeira e comercial. “(Defender o tema no evento) não é uma via para o Brasil arranjar novos mercados, mas sim um ato de credibilidade da informação mundial para que não se ignore o sequestro de carbono por florestas plantadas”, disse a executiva.

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