São Paulo ( AG) – O cenário político favoreceu um pregão inteiro de alta na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), que repercutiu positivamente a saída do governo do ministro da Casa Civil, José Dirceu. O Índice Bovespa fechou a sexta-feira em 26.092 pontos, com alta de 1,33% no dia e de 4,58% na semana.
Mesmo com a recuperação na semana, a bolsa ainda não anulou todo o impacto da crise política, intensificada no dia 6, com as denúncias feitas pelo deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) sobre o pagamento do ?mensalão?. Desde então, o Ibovespa ainda acumula queda de 1,04%.
?O mercado teve uma sessão de recomposição de perdas, mas sem euforia. José Dirceu era o foco da tensão e não há como negar que há um alívio no mercado. Mas também há a constatação de que, mesmo nos piores momentos da crise, o investidor estrangeiro se manteve presente no mercado brasileiro e o risco-país ficou bem comportado?, disse Gustavo Alcântara, da Mercatto.
O risco-país brasileiro, medido pelo EMBI+-Brasil, fechou aos 405 pontos centesimais, com queda de 1,46%. A queda foi resultado da boa receptividade dos investidores estrangeiros pelos títulos brasileiros.
A leitura dos investidores é que, sem o principal alvo das denúncias contra o governo, a imagem do presidente Luiz Inácio Lula da Silva fica preservada, assim como a do ministro da Fazenda, Antônio Palocci.
Entre as 55 ações que fazem parte do Ibovespa, as maiores altas do dia foram de Brasil Telecom Participações ON (+8,14%) e Transmissão Paulista PN (+5,31%). As quedas mais significativas do índice são de AmBev PN (-3,42%) e Embraer ON (-1,59%).
Serenidade política põe dólar abaixo de R$ 2,40
São Paulo (AG) – O mercado de câmbio foi o segmento da economia que mostrou maior serenidade diante da crise política. O dólar à vista rompeu o piso dos R$ 2,40, ontem, e fechou valendo R$ 2,386 na compra e R$ 2,388 na venda, com baixa de 0,74%. É a menor cotação do mês. No acumulado da semana, houve queda de 3,44%.
Segundo Alexandre Sant?Anna, analista da ARX Capital Management, os poucos repiques de alta registrados pelo dólar nas duas últimas semanas foram causados pela cautela do investidor doméstico com o cenário político. Segundo ele, os investidores estrangeiros ignoraram a crise no governo e permaneceram calcados nos fundamentos econômicos, que permanecem positivos.
?Não dá para dizer que essa crise acabou com a saída do ministro José Dirceu, porque o episódio pode estar apenas começando. Mas é fato que os investidores estrangeiros preferiram acreditar que a crise é passageira e não vai atingir o ministro Palocci (Fazenda) e o presidente Lula?, disse Sant?Anna.
O analista afirma que os investidores estrangeiros continuaram a olhar pontos importantes da economia, como o superávit primário. Ele lembra que os estrangeiros são os grandes aplicadores em juros no Brasil e os grandes vendedores de dólares. Por conta dessa tranqüilidade, já há bancos projetando o dólar na casa dos R$ 2,25 no curto prazo.
?Se não aparecerem provas das denúncias, nem novas evidências, é possível que a estabilidade se restabeleça?, diz.
Além da saída de José Dirceu do governo, por ser o maior alvo das denúncias do deputado Roberto Jefferson, o mercado reagiu bem nos últimos dias a questões como a obtenção da presidência e relatoria da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Correios.
As projeções dos juros negociadas na Bolsa de Mercadorias & Futuros (BM&F) fecharam perto da estabilidade, dois dias depois da reunião do Comitê de Política Monetária (Copom). Passados os pequenos ajustes feitos após a decisão do comitê de interromper os aumentos dos juros, o mercado agora aguarda a divulgação da ata da reunião, na próxima quinta-feira. O documento deverá explicar os motivos da decisão do Copom e deve sinalizar as principais variáveis a serem monitoradas daqui para a frente.
O Depósito Interfinanceiro (DI) de agosto fechou com taxa de 19,74% ao ano, contra 19,73% do fechamento de quinta-feira. O DI de janeiro de 2006 teve a taxa levemente reduzida, de 19,22% para 19,21% anuais. A taxa de janeiro de 2007 ficou em 17,66% anuais, frente aos 17,68% anteriores. A taxa Selic é hoje de 19,75% ao ano.