Bovespa cai de novo e zera ganhos do ano

A Bovespa fechou em queda pelo segundo dia consecutiva e voltou a acumular perdas no ano, refletindo preocupações com a escalada do petróleo e com a pressão política sofrida pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, envolvido em denúncia de sonegação fiscal. O Ibovespa, que reúne as 54 ações mais negociadas, encerrou em baixa de 0,87%, aos 22.177 pontos. O pregão movimentou R$ 1,326 bilhão, acima da média diária do ano (R$ 1,1 bilhão). No ano, o índice passou a acumular ligeira queda de 0,2%.

O mercado paulista acompanhou de perto os passos das Bolsas nos EUA, que fecharam sem tendência. O Dow Jones terminou praticamente estável (+0,06%), enquanto a Bolsa eletrônica Nasdaq caiu 0,23%.

Os investidores temem que uma alta persistente do petróleo provoque uma onda de inflação capaz de reduzir o ritmo de crescimento da economia global. Além das incertezas no cenário internacional, há ruídos políticos em Brasília, gerando especulações sobre a permanência do presidente do BC no cargo. Ontem, uma comissão do Senado aprovou convite para que Meirelles e o presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb, esclareçam denúncias de sonegação fiscal.

Eletrobrás PNB, o papel mais negociado do setor, caiu 2,78% e devolveu parte dos ganhos acumulados em julho, quando disparou 35,1%. Na semana passada, a divulgação dos decretos regulamentando o setor animou os papéis das elétricas.

As vendas de ações por investidores interessados em realizar lucros (embolsar ganhos recentes acumulados) também atingiram o setor siderúrgico. Nas últimas semanas, as empresas de aço brilharam no pregão devido aos sinais de demanda mundial crescente, recuperação do consumo interno e bons lucros trimestrais.

Nesta quarta-feira, a ação da CSN, a mais negociada do setor, caiu 0,43%, seguida por Usiminas (-3,29%), Acesita (-3,30%) e CST (-1,03%). A exceção foi a ação da Gerdau, que subiu 2,7%, segunda maior alta do dia. Ontem, o grupo siderúrgico divulgou um lucro recorde e ganhou uma melhor avaliação de alguns bancos.

Dólar

A renovação de 18,4% de uma dívida cambial que vence no próximo dia 12 trouxe tranqüilidade para o mercado de câmbio. O leilão reduziu a tensão no mercado de câmbio com a alta do preço do petróleo na primeira parte dos negócios.

O dólar encerrou praticamente estável, com leve alta de 0,06%, a R$ 3,055. Na máxima do dia, o dólar chegou a ser cotado a R$ 3,067.

A declaração do presidente da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo), Purnomo Yusgiantoro, de que o cartel tem capacidade para produzir entre 1 milhão e 1,5 milhão de barris a mais por dia acalmaram os investidores. Yusgiantoro afirmou também que a produção pode ser elevada imediatamente se necessário. Em Nova York, o barril fechou cotado a US$ 42,83, com queda de 2,9%.

Leilão

Além da melhora no cenário externo na parte da tarde, a rolagem de US$ 280,8 milhões de uma dívida cambial de US$ 1,529 bilhão que vence no dia 12 diminuiu a pressão compradora no mercado de câmbio.

A autoridade monetária havia ofertado US$ 350 milhões em títulos atrelados ao dólar. “O BC está aumentando a oferta de hedge (proteção contra o sobe-e-desce do dólar) e garantindo que a moeda não suba ainda mais”, afirma a diretora da AGK Corretora de Câmbio, Miriam Tavares.

Rumor

Circularam no mercado ontem rumores de uma nova emissão soberana nos mesmos moldes da última captação, realizada no início de julho. O país ainda precisa captar US$ 1 bilhão para cumprir a meta prevista para este ano.

No último dia 7 de julho, o governo emitiu US$ 750 milhões em bônus de 10 anos, com taxa prefixada. A operação foi liderada pelo Deutsche Bank e pelo Morgan Stanley. O retorno para o investidor ficou em 10,80% ao ano. A demanda pelos papéis chegou a US$ 1,6 bilhão.

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